ESG continua relevante apesar da pressão política e das retiradas de investimentos

Investidores retiraram quase R$ 20 bilhões de fundos ESG nos Estados Unidos em 2024, após uma saída de R$ 13 bilhões em 2023, conforme dados da Morningstar. Apesar da pressão política e das altas taxas de juros, analistas acreditam que a demanda por investimentos sustentáveis, que incluem práticas ambientais, sociais e de governança, permanece forte. Diana Iovanel, economista sênior da Capital Economics, afirma que a agenda de Donald Trump não significa o fim do investimento ESG, destacando que a demanda por esses fundos "está aqui para ficar".

Embora os ativos totais em fundos ESG tenham crescido levemente para R$ 344 bilhões em 2024, a quantidade de fundos disponíveis caiu pela primeira vez, de 646 para 587, uma redução de 9%. A pesquisa da Morgan Stanley revela que 84% dos investidores individuais nos EUA estão interessados em investimentos sustentáveis, com 65% relatando um aumento no interesse nos últimos dois anos. No entanto, o ambiente político adverso, especialmente após a eleição de Trump, intensificou a resistência a iniciativas ESG, com pelo menos 18 estados republicanos adotando legislações contrárias.

Além dos desafios políticos, fatores econômicos como as altas taxas de juros têm impactado negativamente o desempenho dos fundos ESG, especialmente em setores de energia limpa, que são mais dependentes de capital. Em 2023 e 2024, menos de 42% dos fundos sustentáveis superaram seus pares em termos de retorno, refletindo um desempenho inferior em um contexto de preços elevados de petróleo e gás. Apesar disso, analistas como Hortense Bioy, da Morningstar, afirmam que o investimento ESG pode oferecer retornos ajustados ao risco mais altos a longo prazo.

A pesquisa da McKinsey indica que empresas que não consideram o impacto social e ambiental de suas estratégias tendem a não alcançar seu pleno potencial de crescimento. Jennifer Coombs, do U.S. Sustainable Investment Forum, ressalta que o objetivo do investimento ESG é reduzir o risco a longo prazo, e que os gestores de portfólios não buscam sacrificar retornos em nome de uma agenda ambiental ou social. "Sustentabilidade leva tempo", afirma Coombs, enfatizando que o foco deve ser no longo prazo.