Varejo projeta aumento nas vendas e indústria se prepara para o inverno

O varejo de moda brasileiro experimenta um renascimento neste inverno, após anos de dificuldades causadas por invernos curtos e amenos. A chegada de temperaturas rigorosas neste ano resultou em um aumento significativo nas vendas, com a indústria têxtil prevendo um crescimento de 4% nas vendas, totalizando um faturamento de R$ 109 bilhões.

A demanda por roupas de inverno e aquecedores disparou, com algumas lojas reportando um crescimento de até 60% nas vendas. A Mondial, fabricante de aquecedores, espera esgotar seu estoque em apenas 15 dias, sem previsão de reposição antes da primavera. O aumento no fluxo de consumidores nas lojas também é notável, com um crescimento de 10% comparado ao verão.

Expectativas do Setor

Grandes redes, como a C&A, já notam o aumento na procura por peças de inverno, especialmente jaquetas leves e tricôs. João Souza, diretor comercial da C&A, afirmou que a empresa se antecipou à demanda, utilizando um modelo de planejamento baseado em dados e tendências. Na South & Co, em Copacabana, as vendas já aumentaram 60% em relação ao verão, com destaque para casacos e moletons.

O gerente do Brechó Peça Rara, Raphael dos Reis de Assis, também observou um crescimento de 30% nas vendas. Ele destacou que a necessidade de adquirir mais de uma peça para complementar o vestuário no frio é um fator importante para o aumento das vendas.

Adaptação às Mudanças Climáticas

Fernando Valente Pimentel, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ressaltou que tanto a indústria quanto o varejo estão se adaptando às mudanças climáticas. As coleções agora são menos sazonais e mais versáteis, com tecidos leves para o inverno. Apesar da melhora nos índices de desemprego, Pimentel alertou que o consumidor ainda enfrenta desafios, como endividamento e inflação.

No setor calçadista, a expectativa é manter o volume de vendas do ano passado, com 280 milhões de pares projetados para o inverno. Haroldo Ferreira, da Abicalçados, destacou a importância de um inverno rigoroso para o comércio, que pode impulsionar as vendas das coleções de inverno.

A procura por aquecedores continua a crescer, com Jacques Ivo Krause, do Grupo MK, afirmando que a demanda é intensa e os estoques não conseguem acompanhar. O frio prolongado faz com que os consumidores comprem rapidamente, especialmente modelos mais econômicos e eficientes.