Aumento nos preços do café provoca crescimento de roubos de carga no Brasil

O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, enfrenta um aumento alarmante nos roubos de grãos, impulsionado por preços elevados da commodity. Agricultores e cooperativas temem que a safra deste ano, que ocorre entre maio e setembro, seja marcada por um número recorde de assaltos. O caminhoneiro Donizete Guidini relatou ter sido rendido por homens armados enquanto transportava 30 toneladas de café em São Paulo. A carga e o caminhão, avaliados em R$ 1,5 milhão, foram recuperados horas depois.

Desde 2020, os preços do café têm subido devido a problemas climáticos, especialmente no Brasil e no Vietnã, além do aumento da demanda global. O preço do café moído já subiu 80,2% nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Essa é a maior inflação acumulada do café moído desde maio de 1995. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) estima que os preços podem subir até 25% nos próximos meses.

Aumento da Criminalidade

Em Minas Gerais, o estado que mais produz café no Brasil, criminosos têm realizado assaltos complexos, levando cargas inteiras e mantendo trabalhadores reféns. Um caso recente envolveu o roubo de 95 sacas de café, avaliadas em R$ 220 mil, de uma fazenda. Pequenos agricultores são os mais afetados, pois dependem exclusivamente da produção anual.

Para mitigar os impactos, cooperativas têm distribuído cartilhas com orientações de segurança e criado seguros gratuitos para transporte. O governo de Minas Gerais lançou o programa 'Campo Seguro', que visa reforçar o policiamento rural. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacou que o aumento da criminalidade está ligado à economia: “Do momento em que você tem uma safra de café de alto valor agregado, ela se torna atraente para os criminosos.”

Desafios do Setor

O café é um produto difícil de rastrear, mas fácil de revender, o que torna o roubo lucrativo. Ricardo Schneider, diretor do Centro de Comércio de Café de Minas Gerais, afirmou que quando o preço ultrapassa R$ 2.500 por saca, o roubo se torna muito atrativo. Apesar da alta demanda internacional, o setor enfrenta desafios adicionais, como o aumento dos custos de fertilizantes e as condições climáticas adversas, que resultam em safras menores.