13 de jul 2025
China investe bilhões em infraestrutura para competir com os EUA na América Latina
China avança na América Latina com o megaporto de Chancay e uma nova ferrovia, desafiando a influência dos Estados Unidos na região.

O porto de Chancay é bancado por uma estatal chinesa e uma mineradora peruana (Foto: Cosco/Divulgação)
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Os Estados Unidos têm adotado tarifas comerciais contra aliados na América Latina, como o Brasil, enquanto a China intensifica sua presença na região por meio de investimentos em infraestrutura. O megaporto de Chancay, no Peru, é um exemplo desse avanço, com a construção de uma ferrovia que ligará o litoral brasileiro ao porto, reduzindo em 10 mil quilômetros o trajeto das exportações para a Ásia.
Chancay, inaugurado em novembro de 2022, foi desenvolvido com um investimento de US$ 1,3 bilhão e promete se tornar o porto mais importante da América Latina. Equipado com tecnologia de inteligência artificial, o porto visa aumentar a eficiência no transporte de mercadorias. A China, que já é o principal parceiro comercial de vários países sul-americanos, busca fortalecer laços econômicos com a região, em detrimento da dependência do mercado norte-americano.
Impacto no Comércio
A nova ferrovia, parte da Nova Rota da Seda, facilitará o transporte de grãos, pescados e frutas para a China, que possui uma população de 1,4 bilhão de habitantes. Com a nova rota, o tempo de viagem entre o Brasil e a China pode cair de até 60 dias para 25 dias. O frigorífico Dom Porquito, no Acre, já se beneficiou dessa mudança, reduzindo custos de frete em até 40%.
A Zona Franca de Manaus também está se preparando para utilizar Chancay, com a expectativa de que o tempo de importação e exportação diminua significativamente. O projeto da ferrovia bioceânica, que ligará Chancay ao Brasil, foi assinado durante a cúpula dos Brics, com a participação da Infra S.A. e da China Railway.
Desafios e Oportunidades
O engenheiro Vinicius Marinelli, presidente do Conselho Federal de Engenharia, alerta que o Brasil pode ficar para trás se não modernizar sua infraestrutura portuária. Chancay, com profundidade de 18 metros, pode receber os maiores navios de carga do mundo, enquanto o porto de Santos enfrenta limitações. A movimentação de 96 milhões de toneladas por ano é uma meta para Chancay, superando os números de Santos.
A nova rota não apenas representa uma oportunidade econômica, mas também um desafio geopolítico. A presença chinesa na América Latina é vista pelos EUA como uma estratégia de projeção de poder, especialmente em um cenário de tensões comerciais. O avanço da China na região pode transformar o cenário logístico, criando uma alternativa ao Canal do Panamá e reduzindo a centralidade americana na logística regional.
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