Trump ameaça tarifas e preocupa exportadores da UE com produtos como uísque e queijo

A Skellig Six18, produtora de gin e whiskey da Irlanda, enfrenta desafios significativos na sua expansão para o mercado dos EUA. Desde 2019, a empresa planejava lançar seus produtos no país, mas a recente imposição de tarifas pelo governo Trump complicou essa trajetória. As tarifas, que podem chegar a 30%, geram incertezas para empresas europeias que exportam para os EUA.

A fundadora June O'Connell relatou que, após um longo processo de negociação com distribuidores, seus primeiros produtos foram enviados para os EUA em novembro de 2023, com lançamento previsto para o início de 2024. No entanto, a situação política mudou rapidamente, levando a uma corrida para enviar produtos antes da implementação das tarifas. "Os armazéns estão cheios, e apenas os grandes clientes estão recebendo prioridade," afirmou O'Connell.

As tarifas propostas são parte de uma estratégia do governo Trump para equilibrar o superávit comercial da União Europeia com os EUA, que é de cerca de 231 bilhões de dólares. A FoodDrinkEurope, associação do setor, alertou que o aumento das tarifas impactará produtores europeus e elevará os preços para os consumidores americanos. O'Connell destacou que um aumento de 30% nas tarifas tornaria a operação insustentável, afetando diretamente a ambição da Skellig Six18 no mercado americano.

Outras empresas, como a francesa Combier, também sentem os efeitos das tarifas. O presidente Franck Choisne mencionou que a tarifa de 10% já era difícil de gerenciar e que um aumento para 30% poderia reduzir suas vendas nos EUA pela metade. A volatilidade do mercado cambial e as tarifas criaram um cenário desafiador para a indústria de bebidas alcoólicas.

Enquanto algumas empresas consideram mudar suas cadeias de suprimento para contornar as tarifas, O'Connell afirma que a produção de produtos com proteção de origem, como o whiskey irlandês, não pode ser transferida. A Skellig Six18 está agora explorando novos mercados na Ásia, África e América Latina, embora reconheça as dificuldades de entrar em regiões com vendas limitadas de whiskey.