Economia argentina em recuperação impulsiona crescimento no Brasil e expectativas futuras

As exportações brasileiras para a Argentina cresceram 55,4% no primeiro semestre de 2024, totalizando US$ 9,120 bilhões. Esse aumento é impulsionado pela valorização do peso argentino e pela recuperação econômica do país, apesar da inflação elevada e das dificuldades fiscais.

A Argentina, que historicamente é um dos principais destinos das exportações brasileiras, se tornou ainda mais atrativa para os exportadores. Após a recessão provocada pelas políticas do presidente Javier Milei, a economia argentina começou a se recuperar, com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,8% no primeiro trimestre em comparação ao ano anterior. Essa recuperação, aliada à valorização do câmbio, facilitou a importação de produtos brasileiros.

Setor Automotivo em Alta

O setor automotivo é o principal responsável pelo crescimento das exportações. 60% das exportações de veículos brasileiros foram destinadas à Argentina, o maior percentual desde 2018. A produção de veículos no Brasil aumentou, com um total de 1,227 milhão de unidades fabricadas nos primeiros seis meses de 2024, refletindo um crescimento significativo nas vendas externas.

Andrea Serra, diretora tributária da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), destaca que as exportações foram fundamentais para o desempenho da indústria automotiva. O volume exportado de veículos subiu de 165.299 para 264.149 unidades no mesmo período, com um aumento de 98.850 unidades.

Desafios e Oportunidades

Apesar da recuperação, a Argentina enfrenta desafios, como a inflação crescente e a necessidade de dólares. O governo de Milei implementou medidas para flexibilizar o controle financeiro, permitindo que os cidadãos retirem dólares guardados em casa. Em abril, um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) garantiu um empréstimo de US$ 20 bilhões, com US$ 12 bilhões liberados imediatamente.

O cenário econômico argentino, embora mais sólido, ainda apresenta riscos. A competitividade cambial caiu quase 40% em termos reais, o que pode impactar as importações e a balança comercial. Contudo, a expectativa é que a Argentina continue a ser um destino relevante para as exportações brasileiras, especialmente no setor automotivo, em 2025.