ONU planeja tratado ambicioso para combater a crescente poluição por plásticos

Urgência nas Negociações sobre Poluição por Plásticos

As negociações para um tratado da ONU sobre poluição por plásticos estão programadas para ocorrer em Genebra, de 5 a 14 de agosto. O encontro busca abordar a crescente crise ambiental, com a produção global de plásticos aumentando drasticamente desde 2000. Mais da metade dos plásticos já produzidos foi fabricada nesse período, e menos de 10% do lixo plástico é reciclado.

Estudos recentes destacam a gravidade da situação. Um deles, publicado na revista Nature, revela que 27 milhões de toneladas de nanoplásticos podem estar presentes apenas na camada superior do Oceano Atlântico. Esses microfragmentos, invisíveis a olho nu, representam uma parte significativa da poluição marinha, que até então era subestimada.

Desafios nas Negociações

Os países envolvidos nas negociações enfrentam desafios significativos. Na última rodada de discussões, na Coreia do Sul, a falta de consenso foi evidente, especialmente entre nações como Arábia Saudita, Irã, Rússia e China, que defendem que o tratado deve focar apenas na reciclagem e no consumo, evitando restrições à produção de plásticos. Esses países formam um grupo que se opõe a limitações mais rigorosas, o que pode comprometer a eficácia do tratado.

Além disso, um segundo estudo identificou mais de 16 mil substâncias químicas associadas à produção de plásticos, das quais mais de 4.200 são consideradas perigosas. Isso reforça a necessidade de um tratado robusto que não apenas regule o consumo, mas também a fabricação e o uso de químicos nocivos.

Iniciativas Independentes

Enquanto as negociações da ONU avançam lentamente, algumas regiões já tomaram medidas. A União Europeia, por exemplo, implementou uma diretiva para reduzir plásticos de uso único, estabelecendo metas ambiciosas de reciclagem. Até 2029, 90% das garrafas plásticas devem ser coletadas para reciclagem, com um objetivo intermediário de 77% para este ano.

Embora iniciativas isoladas sejam positivas, a pressão por um acordo global significativo continua. A falta de um tratado eficaz pode levar a um agravamento da crise ambiental, e a necessidade de ação coordenada é mais urgente do que nunca.