Sobrevivente de Nagasaki alerta: ‘A bomba de 1945 é artesanal comparada às armas nucleares atuais’

Shigemitsu Tanaka, um sobrevivente da bomba atômica de Nagasaki, compartilhou sua história em uma entrevista em Madrid, onde mostrou uma peça de telha que se transformou após a explosão. "Em três segundos, ficou assim", disse ele, enfatizando o impacto devastador da explosão nuclear. Tanaka, de 84 anos, se tornou um ativista após um infarto em 2000 e se juntou à Nihon Hidankyo, organização que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2024 por seus esforços em promover um mundo livre de armas nucleares.

Durante sua visita à Espanha, Tanaka se reunirá com autoridades e estudantes em várias cidades, buscando apoio para o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares (TPAN), que já conta com a adesão de 94 países. Ele alertou que aqueles que não assinam o tratado, mesmo não possuindo armas nucleares, "estão dizendo que as armas nucleares podem ser usadas em seu nome." Tanaka também refletiu sobre suas memórias do ataque de 1945, mencionando que, embora não tenha sofrido ferimentos visíveis, sua família enfrentou consequências graves ao longo dos anos.

Tanaka destacou que o mundo atual é mais perigoso, com potências nucleares como Rússia e Israel não hesitando em ameaçar o uso de armas nucleares. "O tabú nuclear já não é tão tabú," afirmou, ressaltando que os avanços tecnológicos tornaram as armas nucleares mais compactas e sofisticadas. Ele expressou sua preocupação com a falta de apoio do governo japonês às vítimas da bomba, afirmando que as autoridades "pareceram assustar-se e esconder-se."

Ao se dirigir aos jovens, Tanaka os incentivou a ouvir testemunhos e se envolver em grupos antinucleares, pois "eles serão os transmissores" da mensagem de paz. Ele recordou que o momento mais marcante de sua militância foi quando soube que a Nihon Hidankyo havia ganhado o Nobel, pois "o mundo inteiro soube que existíamos."