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18 de abr 2025

Aurangzeb provoca tensões sectárias na Índia e reacende debates históricos sobre o passado

Aurangzeb Alamgir, imperador Mughal, continua a polarizar a política indiana, gerando violência sectária e debates sobre sua memória. Recentemente, em Nagpur, nacionalistas hindus exigiram a demolição de seu túmulo, impulsionados por uma nova representação cinematográfica que retrata suas ações violentas. A figura de Aurangzeb, que governou no século XVII, é vista por muitos como um tirano que promoveu a intolerância religiosa, especialmente contra hindus e sikhs. A recente onda de violência, que resultou em feridos e detenções, reflete a crescente tensão entre comunidades religiosas na Índia, exacerbada por discursos políticos que utilizam o passado para justificar ações no presente. O primeiro ministro Narendra Modi e seu partido, o Bharatiya Janata Party (BJP), têm explorado a figura de Aurangzeb para destacar supostas injustiças históricas contra hindus, alimentando um clima de medo entre a população muçulmana do país. Historiadores reconhecem Aurangzeb como uma figura complexa, que, embora tenha promovido atos de intolerância, também governou em um contexto histórico muito diferente do atual. A luta pela narrativa histórica continua, com tentativas de reescrever o passado e eliminar vestígios de figuras muçulmanas da história indiana. A situação em Nagpur é um reflexo das divisões atuais e da luta por identidade em um país marcado por sua diversidade religiosa.

Foto:Reprodução

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Memória de Imperador Mughal Desencadeia Violência na Índia

A memória do imperador Mughal Aurangzeb Alamgir, falecido há mais de trezentos anos, reacendeu tensões sectárias na Índia. Confrontos eclodiram em Nagpur, com nacionalistas hindus exigindo a demolição de seu túmulo, impulsionados por uma nova representação cinematográfica de suas ações.

O sexto imperador da dinastia Mughal é visto por muitos como um tirano responsável por brutalidades, destruição de templos hindus e conversões religiosas forçadas. Em um cenário político dominado por nacionalistas hindus, Aurangzeb se tornou um vilão, com sua memória sendo alvo de apagamento.

Conflitos em Nagpur e Filme Polêmico

Os confrontos em Nagpur, no mês passado, resultaram em dezenas de feridos e prisões, levando as autoridades a impor um toque de recolher. A violência foi aparentemente desencadeada por um filme de Bollywood que retrata as conquistas violentas de Aurangzeb contra um rei hindu reverenciado.

A representação no filme "Chhaava" intensificou a raiva popular contra o imperador. O chefe do governo de Maharashtra, Devendra Fadnavis, afirmou que o filme inflamou a indignação contra Aurangzeb.

Mughals: Entre a Tolerância e a Intolerância

A dinastia Mughal, fundada em 1526, governou um vasto império que se estendia da Ásia Central ao Bangladesh. Líderes como Akbar e Shah Jahan promoveram a harmonia religiosa e influenciaram a cultura indiana, construindo monumentos icônicos como o Taj Mahal.

Aurangzeb, no entanto, é considerado uma figura controversa. O historiador Abhishek Kaicker, da UC Berkeley, destaca que ele despertava "uma mistura de admiração e aversão" devido à forma como ascendeu ao trono e, ao mesmo tempo, atraía lealdade por sua piedade e poder militar.

Mudança de Postura e Legado Controverso

Inicialmente, Aurangzeb governou com relativa tolerância em relação à fé hindu. No entanto, a partir de 1680, adotou uma postura de intolerância religiosa, demitindo estadistas hindus e lançando uma guerra impopular no Deccan, reprimindo violentamente o reino Maratha.

Suas ações, como a execução do nono Guru Sikh Tegh Bahadur, o tornaram uma figura odiada por muitos sikhs. O primeiro-ministro Narendra Modi e seu partido, o Bharatiya Janata Party (BJP), têm apontado as atrocidades cometidas por Aurangzeb contra os hindus.

Reescrita da História e Temores Muçulmanos

A cidade de Aurangabad foi renomeada em 2023, em referência ao filho do rei Shivaji. Historiadores como Nadeem Rezavi alertam que a história está sendo reescrita para demonizar a comunidade muçulana.

O BJP nega usar o nome de Aurangzeb para difamar os muçulmanos, mas sua invocação de antigos governantes está causando medo e ansiedade entre a minoria religiosa. A memória do imperador continua a ser um ponto de discórdia na Índia contemporânea.

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