Alexandria enfrenta aumento alarmante de colapsos de edifícios devido à elevação do mar

A cidade histórica de Alexandria, no Egito, está enfrentando um aumento dramático nos desabamentos de edifícios, que saltaram de cerca de um por ano para impressionantes 40 por ano na última década. Essa mudança alarmante está ligada à erosão costeira e ao aumento dos níveis do Mar Mediterrâneo, conforme revela um estudo da Universidade do Sul da Califórnia. Alexandria, fundada há mais de 2 mil anos por Alexandre, o Grande, abriga atualmente cerca de 6 milhões de pessoas e é uma das cidades mais vulneráveis à elevação do nível do mar, ameaçando seu rico patrimônio histórico.

Os pesquisadores analisaram as mudanças na linha costeira de Alexandria utilizando diversas metodologias, incluindo a criação de um mapa digital que identificou locais de edifícios colapsados. O estudo, que abrange dados de 2001 a 2021, revelou que a costa de Alexandria se deslocou dezenas de pés para o interior nos últimos 20 anos, elevando os níveis de água subterrânea e afetando as fundações dos edifícios costeiros. Ibrahim H. Saleh, coautor do estudo, destacou que a intrusão de água do mar está erodindo as fundações e enfraquecendo o solo, resultando em colapsos que ocorrem de baixo para cima.

Cerca de 7 mil edifícios antigos em Alexandria estão em risco de desabamento. O estudo menciona incidentes trágicos, como o colapso de um edifício no bairro Wardiyan, que resultou na morte de quatro pessoas. Os pesquisadores sugerem a criação de dunas de areia e barreiras de vegetação ao longo da costa para bloquear a água do mar e evitar que ela infiltre sob os edifícios. Steffen Nijhuis, coautor do estudo, afirmou que essa abordagem sustentável pode ser aplicada em muitas regiões costeiras urbanizadas globalmente.

Alexandria não está sozinha em enfrentar os desafios da elevação do nível do mar e da erosão costeira. Muitas cidades costeiras do Mediterrâneo e partes da costa da Califórnia enfrentam riscos semelhantes. Essam Heggy, um dos autores do estudo, enfatizou que a pesquisa desafia a ideia comum de que os problemas só surgirão quando o nível do mar subir um metro, mostrando que as mudanças nas costas já estão causando desabamentos em um ritmo sem precedentes.