30 de jun 2025
Gangues de golpes online no Camboja utilizam escravidão e tortura em suas operações
Relatório da Anistia Internacional revela abusos em complexos cambojanos, onde vítimas são escravizadas e forçadas a aplicar golpes online.

Complexo que abriga pessoas escravizadas forçadas a dar golpes virtuais no Camboja (Foto: Divulgação/Anistia Internacional)
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O governo do Camboja é acusado de ignorar graves violações de direitos humanos, incluindo escravidão e tráfico de pessoas, em complexos dedicados a golpes online, segundo um relatório da Anistia Internacional. O documento, intitulado "I Was Someone Else's Property", foi divulgado recentemente e revela a realidade brutal enfrentada por vítimas que buscavam emprego.
Sobreviventes relataram que foram atraídos por anúncios de trabalho em plataformas como Facebook e Instagram. Uma jovem tailandesa de 18 anos, por exemplo, foi enganada com promessas de um emprego na administração e um alto salário. Ao chegar ao Camboja, as vítimas eram levadas para instalações semelhantes a prisões, cercadas por arame farpado e vigilância constante, onde eram forçadas a aplicar golpes online.
A Anistia Internacional entrevistou 58 sobreviventes de diversas nacionalidades, incluindo crianças. O relatório indica que, em 32 casos, as vítimas eram consideradas escravizadas, com os administradores exercendo controle absoluto sobre elas. Muitos relataram ter sido vendidos ou ameaçados com dívidas que precisavam ser pagas através do trabalho forçado.
Condições Desumanas
Os relatos incluem tortura e maus-tratos, com 40 dos entrevistados afirmando ter sofrido agressões. As torturas eram frequentemente aplicadas a quem não cumpria metas de trabalho. Além disso, o relatório menciona mortes ocorridas dentro desses complexos. O governo cambojano é acusado de permitir que esses empreendimentos criminosos operem com impunidade.
A Anistia Internacional destaca que, apesar das promessas de investigação por parte do governo, muitos dos complexos continuam em funcionamento. A organização também aponta que as intervenções policiais são superficiais, com mais de dois terços dos locais identificados ainda ativos após operações de resgate.
Retaliações e Silenciamento
Além disso, jornalistas e defensores dos direitos humanos que denunciaram esses abusos enfrentaram perseguições, incluindo prisões. O fechamento do jornal Voz da Democracia em 2023 é um exemplo de retaliação a reportagens sobre a crise dos golpes. A Anistia Internacional conclui que o governo cambojano poderia agir para acabar com esses abusos, mas optou por não fazê-lo, permitindo que a situação persista.
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