Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong revelou que o som analógico, que capta a música original com maior fidelidade, reproduz emoções de forma diferente do áudio em MP3, usado nos serviços de streaming e no ambiente digital. O que é o som Analógico e o MP3? O […]
Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong revelou que o som analógico, que capta a música original com maior fidelidade, reproduz emoções de forma diferente do áudio em MP3, usado nos serviços de streaming e no ambiente digital.
O que é o som Analógico e o MP3?
O som analógico é o que preserva com mais fidelidade as nuances da gravação original e transmite uma sensação de calor e profundidade que torna o áudio mais rico. Esse formato costuma estar presente em mídias físicas como o vinil.
Já o MP3 é um dos formatos digitais de áudio mais comuns e, em vez da fidelidade do analógico, prioriza a digitalização e a compressão da música para uso no ambiente digital. Essa compressão reduz a qualidade e a fidelidade do áudio original ao eliminar parte das frequências, o que deixa o som com menos detalhes e menos harmonia.
Esse formato é comum em arquivos disponíveis na internet e, sobretudo, nos serviços de streaming. Cada MP3, porém, apresenta uma qualidade diferente, definida pela taxa de bits (bitrate), que indica a quantidade de dados usada por segundo de áudio. Quanto maior o bitrate, melhor tende a ser a qualidade do arquivo, como nos de 320 kbps.
Por isso, a diferença entre os dois formatos sempre foi debatida, mas não há um que seja necessariamente melhor. A qualidade depende de vários fatores que também influenciam o áudio, como a taxa de bitrate, a qualidade do toca-discos, as saídas de som e outros elementos.
A diferença de emoções captadas no Analógico e no Digital
O estudo Os efeitos da compressão MP3 nas características emocionais percebidas em instrumentos musicais, publicado no Jornal da Sociedade de Engenharia de Áudio (JAES), aponta mais um possível ponto favorável ao som analógico em relação ao digital.
O estudo buscou entender se a compressão de arquivos em MP3 altera a forma como percebemos emoções em relação ao som original. Para isso, os pesquisadores gravaram sons de oito instrumentos, como saxofone, clarinete e trompa, com notas longas e isoladas, não era uma música completa, apenas sons. Depois, esses registros foram colocados nos formatos analógico e MP3 digital.
Com tudo preparado, os pesquisadores apresentaram os sons aos ouvintes, exibindo as versões em analógico e em MP3 com diferentes bitrates. Os participantes precisavam classificar a emoção transmitida por cada som com base em dez categorias: feliz, triste, assustador, calmo, heroico, romântico, misterioso, tímido, cômico e irritado.
Os resultados mostraram que a compressão em MP3 elevou a presença de emoções neutras e negativas, como misterioso, tímido, assustador e triste, e reduziu emoções positivas, como feliz, heroico, romântico, cômico e calmo.
Porém, nem todos os instrumentos reagiram da mesma forma. Clarinete, oboé e saxofone tiveram alterações mais visíveis, enquanto a trompa foi menos afetada. Isso indica que o impacto da compressão também varia de acordo com o timbre de cada instrumento.
Os pesquisadores explicaram que, quando o som de um instrumento é comprimido em MP3, parte das informações sonoras é descartada, o que altera o timbre, reduz detalhes harmônicos e pode gerar ruídos de fundo.
Essas alterações mudam os elementos que o cérebro utiliza para interpretar emoção no som, e um timbre originalmente “claro e alegre” pode soar “mais sombrio, misterioso ou triste” no meio digital. Isso pode alterar a mensagem que o músico pretende transmitir ao digitalizar sua obra.