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Insetos na alimentação: como a ideia virou uma teoria da conspiração

Teorias da conspiração sobre o consumo de insetos influenciam o debate político e geram desinformação na Europa e América do Norte.

Por Revisado por Time de Jornalismo Portal Tela
Teoria da conspiração afirma que 'elites globais' forçarão as massas a comer insetos (Foto: Reprodução)
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  • A entomofagia, prática de consumir insetos, é comum em várias culturas, especialmente na América Latina, Ásia e África, mas enfrenta resistência na Europa e América do Norte.
  • Teorias da conspiração afirmam que elites globais estão forçando essa prática como parte de uma agenda ambiental, o que gera desinformação e impacto político.
  • A analista de desinformação Sara Aniano destaca que essa narrativa se conecta a temores sobre a erosão da civilização ocidental, especialmente durante a pandemia.
  • Políticos de direita na Europa, como Thierry Baudet e Laurent Duplomb, utilizam essa narrativa para mobilizar apoio, associando o consumo de insetos à perda de valores tradicionais.
  • A desinformação prejudica pesquisas sobre os benefícios dos insetos como fonte de proteína e pode dificultar a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis.

A entomofagia, prática de consumir insetos, é comum em diversas culturas, especialmente na América Latina, Ásia e África, mas enfrenta resistência na Europa e América do Norte. Recentemente, teorias da conspiração surgiram, alegando que elites globais estariam forçando essa prática como parte de uma agenda ambiental, impactando o debate político e gerando desinformação.

Historicamente, os insetos são consumidos há milênios. Pinturas em cavernas de Altamira, na Espanha, datam de 30 mil anos a.C. e mostram a coleta de abelhas. No México, os chapulines, gafanhotos fritos, são um aperitivo popular, cada vez mais presente em restaurantes de luxo. Apesar de serem considerados fontes de proteína sustentáveis, a aceitação na Europa e América do Norte é limitada.

A resistência a essa prática foi intensificada por teorias conspiratórias que afirmam que elites estão impondo o consumo de insetos. A analista de desinformação Sara Aniano, do Centro sobre Extremismo da Liga Antidifamação, destaca que essa narrativa se alinha a temores sobre a erosão da civilização ocidental. O meme “não vou comer insetos” começou em fóruns online e ganhou força durante a pandemia, associando-se a iniciativas como a “Grande Reinicialização” do Fórum Econômico Mundial.

Impacto Político e Social

Na Europa, políticos de direita, como Thierry Baudet, do partido Fórum para a Democracia, e Laurent Duplomb, da França, têm usado essa narrativa para mobilizar apoio. Cartazes e discursos associam o consumo de insetos à perda de valores tradicionais, despertando medo e resistência. Em janeiro de 2023, a União Europeia aprovou quatro espécies de insetos para uso alimentar, gerando indignação e desinformação nas redes sociais.

A desinformação prejudica pesquisas sobre os benefícios dos insetos como fonte de proteína e pode obstruir a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis. O professor de Ciências Cognitivas Stephan Lewandowsky ressalta que teorias da conspiração oferecem uma narrativa em tempos de incerteza, criando um senso de controle em um mundo imprevisível.

Combate à Desinformação

Pesquisas indicam que a desinformação climática pode ser combatida com intervenções que abordem as necessidades emocionais das pessoas. A utilização de chatbots de inteligência artificial, como o DebunkBot, mostrou-se promissora na redução da crença em teorias conspiratórias. No entanto, a persistência é fundamental para desradicalizar indivíduos envolvidos em narrativas conspiratórias.

A discussão sobre o consumo de insetos deve ser contextualizada, abordando preocupações legítimas e evitando a noção de imposição. A diretora da Iniciativa Alimentos para a Humanidade, Jessica Fanzo, enfatiza a importância de promover um diálogo aberto sobre alimentação, considerando as diferentes preferências culturais e as necessidades alimentares globais.

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