- A cannabis medicinal no Brasil teve um aumento de 56% no número de usuários em 2024, totalizando mais de 672 mil pessoas.
- Associações canábicas, como a Abrapango, oferecem tratamentos acessíveis, com custos mensais de R$ 180, enquanto versões industrializadas podem ultrapassar R$ 400.
- A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve apresentar nova regulamentação em 30 de setembro, que pode restringir o cultivo de cannabis medicinal.
- As novas regras incluem um limite de tetrahidrocanabinol (THC) de até 0,3%, o que pode dificultar o acesso a tratamentos para pacientes de baixa renda.
- Especialistas alertam que a padronização pode beneficiar grandes empresas e prejudicar a diversidade de tratamentos disponíveis.
A cannabis medicinal tem se tornado uma alternativa viável para muitos pacientes no Brasil, com um aumento de 56% no número de usuários em 2024, totalizando mais de 672 mil pessoas. Associações canábicas, como a Abrapango, têm desempenhado um papel crucial ao oferecer tratamentos a preços acessíveis, permitindo que pacientes como a cabeleireira Lucilena de Jesus Vicente encontrem alívio para dores crônicas.
Lucilena, que enfrentava intensas dores devido à sua rotina de trabalho, encontrou na cannabis medicinal uma solução eficaz. Após um processo criterioso de avaliação médica e acompanhamento, ela começou a usar óleo essencial de cannabis, reduzindo significativamente seu sofrimento. O custo mensal do tratamento pela associação é de R$ 180, enquanto a versão industrializada pode ultrapassar R$ 400.
Entretanto, a situação pode mudar com a nova regulamentação que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve apresentar em 30 de setembro. As novas regras, que incluem a possibilidade de cultivar cannabis com teor de tetrahidrocanabinol (THC) de até 0,3%, podem dificultar o acesso a tratamentos para pacientes de baixa renda. As associações alertam que a padronização exigida pode inviabilizar a produção artesanal de óleos, tornando os tratamentos financeiramente inacessíveis.
Além disso, a proposta da Anvisa pode beneficiar grandes empresas, como Monsanto e Bayer, que têm capacidade para desenvolver sementes transgênicas. O fundador da Abrapango, Ítalo Henrique Nascimento, destaca que essa mudança pode concentrar o mercado nas mãos de poucos, prejudicando a diversidade de tratamentos disponíveis.
A regulamentação atual exige que as associações busquem liminares judiciais para cultivar cannabis, o que limita a produção. Especialistas afirmam que o THC é essencial para o tratamento de diversas condições, como doenças neurodegenerativas e dor crônica. A possibilidade de classificar a cannabis como fitoterápico poderia facilitar o acesso a tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda é um debate em aberto.