O fim de ano acende um alerta entre ONGs, abrigos e protetores de animais. A proximidade das festas e das viagens coincide com o período de maior abandono de cães e gatos no Brasil. Dados de organizações do setor mostram que os casos podem crescer até 30% em dezembro e janeiro, enquanto a entrada de […]
O fim de ano acende um alerta entre ONGs, abrigos e protetores de animais. A proximidade das festas e das viagens coincide com o período de maior abandono de cães e gatos no Brasil. Dados de organizações do setor mostram que os casos podem crescer até 30% em dezembro e janeiro, enquanto a entrada de animais em abrigos chega a dobrar em algumas regiões.
O aumento ocorre em meio a um cenário já crítico. Segundo o Instituto Pet Brasil, mais de 201 mil animais estão atualmente sob tutela de ONGs e protetores independentes. Além disso, cerca de 4,8 milhões de cães e gatos vivem em situação de vulnerabilidade, incluindo animais de famílias abaixo da linha da pobreza ou que permanecem nas ruas e dependem de cuidados informais.
O problema não se limita ao abandono. Em 2024, estados brasileiros registraram alta de 8% a 9,5% nos casos de maus-tratos, segundo entidades de proteção animal. Para especialistas, a combinação de violência, negligência e falta de políticas públicas consolida uma crise estrutural que se agrava no fim do ano.
Superlotação e falta de recursos
A sobrecarga atinge abrigos e protetores, que enfrentam falta de ração, insumos básicos, medicamentos e espaço físico. Muitos funcionam exclusivamente com doações e relatam dificuldade para manter animais resgatados em segurança.
ONGs afirmam que o aumento de abandonos no fim de ano tem relação direta com viagens, mudanças de rotina, despesas extras e adoções impulsivas feitas no Natal. Sem planejamento, famílias descartam os animais ou os deixam em situação de risco.
O que diz a lei
O abandono é crime no Brasil desde 1998, previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98). A punição inclui pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa e proibição de tutelar novos animais. A Lei Sansão, de 2020, aumentou as penalidades para maus-tratos contra cães e gatos.
Em março de 2021, o Senado aprovou o Projeto de Lei 6.404/2019, que oficializou o Dezembro Verde como campanha nacional de conscientização e combate ao abandono.
Adoção responsável é saída para abrigos
Mesmo com abrigos lotados, a adoção responsável é considerada a principal alternativa para reduzir o número de animais em situação de rua. ONGs reforçam que adotar exige tempo, recursos financeiros, rotina adequada e compromisso de longo prazo.
Adoções impulsivas , comuns no período de Natal , são apontadas como um dos fatores que alimentam o ciclo de devoluções e novos abandonos meses depois.
Brasil é o 3º maior mercado pet do mundo
Apesar dos índices de abandono, o país ocupa a terceira posição entre os maiores mercados pet do planeta. Para especialistas, o dado revela o forte vínculo dos brasileiros com os animais, mas também expõe contradições: enquanto cresce o consumo de produtos para pets, milhões de animais continuam sem acesso a cuidados básicos.
Como denunciar abandono ou maus-tratos
Os casos podem ser denunciados pelos seguintes canais:
• Delegacia de Polícia
• Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (DEPA)
• Polícia Ambiental
• Ouvidorias municipais
Vídeos, fotos e testemunhos ajudam nas investigações.
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