A confiança dos empresários europeus em fazer negócios na China está no nível mais baixo já registrado, pior do que durante a pandemia. Uma pesquisa da Câmara de Comércio da UE na China mostrou que 73% dos entrevistados acham mais difícil operar no país, marcando o quarto ano consecutivo de pessimismo. As dificuldades aumentaram após os lockdowns de 2022, que afetaram as cadeias de suprimentos. Apesar disso, algumas empresas ainda veem vantagens em manter operações na China devido à qualidade e preços competitivos. No entanto, apenas 12% dos empresários estão otimistas sobre lucros nos próximos dois anos, e muitos relataram perder oportunidades de negócios devido a barreiras de mercado. Enquanto alguns setores, como aviação, se saíram melhor, a indústria de cosméticos enfrentou uma queda significativa nas vendas. Além disso, quase metade dos fornecedores chineses estão mudando suas operações para outros mercados. A situação é preocupante, e os líderes da China e da UE devem se encontrar em julho para discutir como melhorar as relações comerciais.
BEIJING — A relação comercial entre a Europa e a China enfrenta um momento crítico. Setenta e três por cento dos empresários europeus afirmam que fazer negócios na China se tornou mais difícil, segundo a pesquisa anual da Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China. Este é o maior índice de pessimismo registrado desde o início da pesquisa em dois mil e quatro.
Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de dois mil e vinte e cinco, com quinhentos e três respondentes. O presidente da câmara, Jens Eskelund, destacou que as empresas estão sentindo a pressão e permanecem pessimistas, embora ainda vejam cadeias de suprimentos atraentes na China. “Não vimos um ponto de inflexão ainda”, afirmou Eskelund, referindo-se à incerteza que permeia o ambiente de negócios.
Desafios e Oportunidades
Os desafios para empresas estrangeiras aumentaram desde os lockdowns da pandemia em dois mil e vinte e dois, que desestabilizaram as cadeias de suprimentos. Marcas locais se tornaram mais competitivas, enquanto a demanda do consumidor permanece fraca devido à crise imobiliária e incertezas no mercado de trabalho. O setor de cosméticos, por exemplo, registrou uma queda de quarenta e cinco por cento na receita em dois mil e vinte e quatro.
Por outro lado, setores como aviação e aeroespacial relataram uma leve melhora nas condições de negócios. Apenas doze por cento dos entrevistados se mostraram otimistas quanto à lucratividade na China nos próximos dois anos, e um número recorde de trinta e oito por cento planeja expandir suas operações no país.
Barreiras e Expectativas
A pesquisa também revelou que sessenta e três por cento dos empresários perderam oportunidades de negócios devido a restrições de acesso ao mercado e barreiras regulatórias. Empresas de dispositivos médicos relataram discriminação em práticas de compras públicas que favorecem concorrentes locais. Apesar dos esforços de Pequim para melhorar o ambiente de investimento, muitos obstáculos permanecem.
A pesquisa reflete um sentimento semelhante ao de uma pesquisa realizada com empresas americanas na China, que indicou um aumento no número de empresas planejando realocar suas operações. Cinquenta e três por cento dos empresários europeus afirmaram que aumentariam seus investimentos na China se houvesse mais ações para melhorar o acesso ao mercado local.
Os líderes da China e da UE se reunirão em julho em Pequim para discutir maneiras de fortalecer os laços comerciais, enquanto a UE continua a ser o segundo maior parceiro comercial da China.
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