Não é novidade que a cantora pop Taylor Swift é um dos nomes mais populares da música. Hoje, ela conta com mais de 100 bilhões de reproduções no Spotify, foi a artista número 1 de 2024 e transformou sua última turnê, “The Eras Tour”, sendo uma das mais lucrativas da história, é inegável que sua […]
Não é novidade que a cantora pop Taylor Swift é um dos nomes mais populares da música. Hoje, ela conta com mais de 100 bilhões de reproduções no Spotify, foi a artista número 1 de 2024 e transformou sua última turnê, “The Eras Tour”, sendo uma das mais lucrativas da história, é inegável que sua pessoa está sempre nos holofotes e nas manchetes de revista.
Mas essa fama não se limita aos álbuns ou ao papel dela na indústria musical. Com uma popularidade desse tamanho, qualquer movimento ou declaração ganha alcance imediato. Foi isso que ocorreu com seu anúncio de noivado, cuja foto bateu o recorde de publicação mais curtida de um artista no Instagram.
Porém, além de toda a emoção dos fãs com seu noivado, outra coisa abalou não só sua carreira mas também o mundo da moda: O relógio que ela utilizava na foto.
Taylor Swift e a redescoberta da Cartier
O relógio era um Cartier Demoiselle em ouro amarelo, com aro cravejado de diamantes no pulso da artista. O modelo teve a produção pausada há anos e nunca apareceu entre os holofotes da marca, mas Taylor Swift logo alterou esse quadro ao usá-lo.
Rapidamente, o relógio passou a ser associado à imagem da artista e ganhou um forte impulso de popularidade, apelidado pela mídia de “o relógio de Taylor Swift”. Após a publicação das fotos de noivado, o modelo se tornou o mais visto na plataforma Bezel, com mais que o dobro de visualizações do segundo colocado e um salto superior a 200 vezes em relação à média diária.
No mundo da moda — especialmente no segmento de relógios — esse fenômeno já havia ocorrido outras vezes. Um dos casos mais conhecidos é o de Paul Newman e seu Rolex Daytona, modelo que o ator transformou em um dos relógios vintage mais cobiçados do planeta. Outra referência neste ramo é Jackie Kennedy, que já mantinha uma relação histórica com a Cartier muito antes de Taylor Swift, com seu Cartier Tank de ouro.
Porém, a loirinha do pop tem hoje um alcance enorme, sobretudo na internet, onde tudo se espalha em larga escala em poucas horas, e às vezes, em minutos. Isso fez com que o retorno desse relógio ganhasse força entre seus fãs e, em seguida, se disseminasse pelo mundo.
A Cartier e seu marketing voltado à Geração Z
Por mais que Taylor tenha impulsionado a visibilidade da Cartier, a fama da marca entre os mais jovens não surgiu por causa da cantora. Ela já vinha sendo construída há muito tempo pela própria empresa, que se consolida como a “Rolex da Geração Z”, apoiada em três pilares: estética, preço e cultura pop.
Na parte estética, a Cartier percebeu antes da concorrência a mudança de gosto do mercado. Em 2017, relançou o modelo Panthère em uma campanha dirigida por Sofia Coppola, marcada pelo apelo vintage-glam e pela trilha de “I Feel Love”, o que chamou a atenção da Geração Z.
Depois disso, a marca passou a investir em reinterpretações mais leves e delicadas de modelos que já fizeram sucesso, como o Tank, o Santos e o Baignoire. A criação de versões mini também reforçou esse reposicionamento, com relógios menores usados como joias e muitas vezes combinados com braceletes, movimento contrário ao estilo dos famosos Rolex, que são maiores, esportivos e de aço.
Outro fator que influencia essa nova fase onde a Cartier está na vanguarda da mudança para a geração Z são os preços, que se tornam um luxo mais possível para jovens, que geralmente não possuem um poder de aquisição de milionários.
Um mini Panthère custa quase o mesmo que muitas bolsas de luxo, item este que está começando a ser trocado pelos relógios por conta da popularidade emergente e por possuírem um preço parecido.
A divisão de joias da Richemont trabalha com preços mais acessíveis em comparação às concorrentes suíças tradicionais. Isso não significa que os relógios sejam baratos, mas sim que oferecem um produto de entrada mais atraente para essa geração — algo que marcas como Rolex, AP e Patek não têm.
Por fim, há o pilar da cultura pop, no qual a marca investe em figuras alinhadas à Geração Z, estratégia que já vinha sendo construída muito antes da foto de noivado, e foi apenas reforçada pelo impacto de Taylor Swift.
Entre as celebridades que ampliaram a visibilidade da marca estão Kim Kardashian, cujas pulseiras Love impulsionaram a Cartier há quase uma década. Houve também a campanha com Jake Gyllenhaal, que relançou o modelo Santos em 2018, além de outros nomes como Timothée Chalamet, Meghan Markle, Rihanna e Hailey Bieber.
E isso começou a gerar resultados para a marca. Dados da Chrono24, plataforma de compra e venda de relógios, mostram que a participação da Cartier no valor gasto por clientes da Geração Z saltou para 6,8% no primeiro semestre deste ano, ante 1,7% em 2018. Entre todas as faixas etárias, a fatia da marca subiu para 5,4%, contra 2,9% em 2018.