Montadores de cinema no Brasil, como Renato Vallone e Karen Akerman, estão lutando por mais reconhecimento e melhores condições de trabalho. Eles falam sobre a importância da montagem e como a tecnologia, incluindo a inteligência artificial, está mudando a produção audiovisual. Vallone destaca que a montagem é essencial para dar ritmo e significado aos filmes, mas enfrenta desafios devido à falta de políticas que valorizem essa profissão. Akerman, que começou sua carreira na Retomada do cinema brasileiro nos anos 90, observa que a montagem agora é vista como uma arte, não apenas uma função técnica. Ela e outros montadores discutem a relação entre montagem e roteiro, especialmente em documentários, onde o trabalho do montador é crucial. Além disso, eles mencionam a desigualdade no acesso às novas tecnologias e como grandes produtoras dominam o mercado. A inteligência artificial está sendo usada para melhorar aspectos técnicos, mas muitos montadores acreditam que a criatividade humana ainda é insubstituível. Eles também estão se organizando em grupos para discutir direitos trabalhistas e o impacto da IA na produção artística.
Recentemente, montadores brasileiros como Renato Vallone e Karen Akerman têm destacado a importância da montagem no cinema, especialmente em um cenário marcado pela evolução tecnológica, incluindo a inteligência artificial (IA). Eles discutem os desafios enfrentados pela profissão e a necessidade de maior reconhecimento.
Vallone, que trabalhou no filme “Sertânia”, do cineasta Geraldo Sarno, enfatiza que a montagem é crucial para articular narrativas de resistência. Ele critica a automatização da produção audiovisual, que, segundo ele, prejudica a criatividade e o espaço de atuação dos montadores. Vallone observa que as políticas culturais ainda não valorizam adequadamente essa função.
Akerman, conhecida por seu trabalho em “Tia Virgínia” e “Cidade de Deus: A Luta Não Para”, relata que a montagem passou a ser vista como uma arte, especialmente após a revitalização do Ministério da Cultura nos anos 2000. Ela destaca a evolução das ferramentas de edição, que agora permitem maior flexibilidade e criatividade no trabalho.
Desafios e Oportunidades
Os montadores também enfrentam desigualdades no acesso a tecnologias. Vallone menciona que grandes produtoras centralizam recursos, enquanto Akerman observa que a montagem pode ser comparada a uma partitura musical, onde o ritmo e a estrutura são fundamentais.
A Associação de Profissionais de Edição Audiovisual (Edt.), criada em 2012, reúne cerca de 250 montadores e discute questões como direitos trabalhistas e formação profissional. O montador Victor Costa Lopes ressalta que o papel do montador é essencial, especialmente em documentários, onde a narrativa é frequentemente reestruturada na edição.
Impacto da Inteligência Artificial
A IA também está mudando a forma como os montadores trabalham. Paula Gaitán, cineasta, utiliza ferramentas de IA para restaurar áudios, mas acredita que a criatividade humana ainda é superior. Elaine Stopatto, que edita a série “Vale Tudo”, afirma que a sensibilidade do montador é insubstituível.
Montadores como Frederico Benevides alertam sobre os interesses das grandes empresas de tecnologia na produção de imagens. Ele questiona como a automatização pode afetar a autenticidade das narrativas audiovisuais. A discussão sobre a regulamentação da IA e seus impactos na produção artística continua em pauta, especialmente com a tramitação de um projeto de lei no Congresso.