27 de jun 2025

Nujabes e o seu legado imortal no mundo da música
Misturando batidas suaves e jazz, o produtor japonês revolucionou um cenário e se tornou pioneiro de um gênero

Seu trabalho é constantemente remixado em homenagem as suas obras - Foto: Reprodução/SoundCloud
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O lo-fi é um gênero musical que ganhou muito destaque nos últimos anos, especialmente durante o período de isolamento na pandemia, por conta de seu efeito relaxante e de ajuda com o foco. A sigla vem de low fidelity, expressão usada para descrever músicas com qualidade técnica inferior aos padrões de estúdio — geralmente gravadas de forma caseira ou independente. No entanto, os artistas deste gênero passaram a valorizar essas imperfeições, criando uma atmosfera acolhedora a partir da mistura de batidas suaves com ruídos como chiados, distorções e sons de fita degradada.
Dentro do lo-fi, diversas ramificações surgiram, entre elas, o lo-fi hip-hop, que combina a estética de baixa fidelidade com batidas e elementos do hip-hop, sendo esse o subgênero que mais se assimila ao estilo amplamente ouvido hoje. Entre os nomes que são referência nesse cenário, um artista se destaca, sendo considerado por muitos como o pai do lo-fi hip-hop, com músicas marcadas pela mistura de gêneros e sensibilidade: o visionário Nujabes.
As raízes de um artista revolucionário
Nujabes é o nome artístico de Seba Jun, produtor japonês nascido em 7 de fevereiro de 1974. Sua criação teve muita influência em sua carreira dentro do mundo da música, pois ele cresceu em um ambiente cercado por essa forma de arte — seu pai tocava piano e gostava de jazz, gênero que logo chamou a atenção de Nujabes pelas melodias suaves, característica marcante em suas obras.
A primeira faísca da grande chama que é sua carreira musical começou ao frequentar a Universidade de Sihon, onde estudou artes. Foi lá que conheceu o hip-hop e se encantou tanto quanto com os estilos que ouviu na infância. Foi nesse momento que Nujabes descobriu suas maiores paixões musicais e decidiu unir essas influências em melodias que se tornariam atemporais.
Nujabes iniciou sua carreira no cenário underground do hip-hop japonês, onde desenvolveu suas habilidades e explorou diferentes vertentes desse estilo. Junto disso, também fundou a gravadora independente Hydeout Productions e a loja de discos Tribe, espaços estes que ajudaram a fortalecer a cena local.
As obras de Nujabes e sua mistura de gêneros
Em agosto de 2003, Nujabes lançou seu primeiro álbum, Metaphorical Music. O disco já revelava sua essência em estado puro, combinando batidas de hip-hop com elementos da música oriental e, principalmente, do jazz, formando uma atmosfera acolhedora e, mesmo sendo seu primeiro projeto, ele é amplamente aclamado por fãs ao redor do mundo.
Sua fama explodiu ao ser convidado para trabalhar com Fat Jon, Tsutchie (do grupo Shakkazombie) e Force of Nature na trilha sonora do anime Samurai Champloo, exibido em 2004. A série animada ganhou destaque por misturar elementos da cultura de rua com a estética japonesa. Foi a partir daí que Nujabes consolidou seu estilo musical, que continuaria a influenciar profundamente o universo do lo-fi.
Em 2005, Nujabes lançou o que é considerado por muitos seu magnum opus: Modal Soul. O álbum traz consigo uma estética introspectiva e, ao mesmo tempo, relaxante, mostrando o talento do artista por trás de seus arranjos, que mais uma vez, mesclam jazz e hip-hop de forma única.
Em 2010, Nujabes faleceu aos 36 anos em um acidente de carro. Apesar da idade jovem, ele deixou uma marca profunda no mundo da música, especialmente no que viria a ser conhecido como lo-fi hip-hop. Porém, o artista conta com algumas obras lançadas postumamente. Uma delas é Luv(sic) Hexalogy, feita em parceria com o rapper japonês Shing02, que ele conheceu durante os trabalhos em Samurai Champloo. Com o tema central sendo o amor, o projeto foi iniciado ainda em vida e finalizado por Shing, sendo lançado em 2015 como uma coletânea com remixes e faixas instrumentais. Outro álbum póstumo relevante é o Spiritual State.
O contraste com o hip-hop mainstream
Na época de seus lançamentos, Nujabes seguia na contramão do hip-hop mainstream, que dava muito espaço ao boom-bap, formado por batidas intensas e graves marcantes. O produtor japonês por sua vez dava palco a beats suaves e melódicos que continham grooves minimalistas e uma atmosfera introspectiva.
Graças à mistura com o jazz, suas composições aparentavam ser simples, mas carregavam muita emoção. Essa sensação vinha da forma como ele misturava o gênero com elementos do hip-hop, criando um equilíbrio delicado entre sutileza e profundidade. Essas características ganham ainda mais destaque com o estilo lo-fi, que adiciona uma sonoridade analógica e mais acolhedora.
Suas letras também seguiam um caminho diferente, abordando temas introspectivos como o amor — realçado em Luv(sic) —, além de espiritualidade e perspectivas poéticas, principalmente em colaborações com artistas como Shing02 e Substantial.
Considerado o pai do lo-fi hip-hop, é inegável a influência de Nujabes no cenário musical, onde também se firmou como um dos grandes nomes da música japonesa, ao romper barreiras culturais e conquistar até hoje ouvintes ao redor do mundo. Seu legado permanece vivo no hip-hop, no lo-fi, no jazz — e continuará, por muito tempo, a inspirar gerações.
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