23 de jun 2025
‘Magras, magras, magras’: tendência no TikTok romantiza transtornos alimentares e reforça padrão estético perigoso
Vídeos com danças e piadas sobre dietas extremas viralizam entre jovens e reacendem alerta sobre saúde mental e distorção de imagem.

Foto: Creative Commons
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Em 2025 a exaltação à magreza extrema voltou com força nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde a trend “Magras, magras, magras” viralizou com vídeos de jovens dançando e exaltando dietas restritivas. Com legendas como “depois de dez horas de trabalho sem parar para comer” e “eu e a best juntando dinheiro para comprar Ozempic”, a trend promove comportamentos prejudiciais e romantiza transtornos alimentares e de imagem.
Mesmo com o banimento da hashtag “Skinnytok” pela plataforma, os conteúdos continuam circulando de forma disfarçada, muitas vezes normalizando práticas como comer apenas uma vez ao dia ou eliminar grupos alimentares inteiros. Esses comportamentos, além de perigosos, reforçam uma cultura que associa magreza à beleza, controle e sucesso, em detrimento da saúde física e emocional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 4,7% da população brasileira sofra de algum transtorno alimentar — um número que pode ser ainda maior devido à subnotificação. E o cenário se agrava diante do perfil dos usuários da rede social: o TikTok é atualmente o aplicativo mais usado por crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos.
Pesquisas recentes conduzidas nos Estados Unidos, em novembro de 2022, apontam que a hashtag #Weightloss (perda de peso) é uma das mais procuradas na plataforma. Já um estudo da CharityRx divulgado no mês seguinte mostrou que 33% da Geração Z consulta o TikTok para obter conselhos sobre saúde antes mesmo de procurar um médico.
Influência das celebridades no padrão estético
Nos últimos anos, o emagrecimento de diversas figuras públicas tem gerado uma onda de comentários e questionamentos nas redes sociais. Casos como os de Bruna Marquezine, Carolina Dieckmann, Maiara (da dupla com Maraisa), Bianca Andrade (Boca Rosa) e Mariana Rios frequentemente levantam debates sobre pressão estética, uso de medicamentos para emagrecer e o impacto da exposição midiática na autoestima coletiva.
Muitas dessas artistas já se pronunciaram, afirmando que estão saudáveis, que cada pessoa tem o direito de cuidar do próprio corpo e que é cruel o julgamento sobre a aparência alheia. No entanto, o contraste entre as imagens “antes e depois”, os corpos cada vez mais magros e a falta de transparência sobre métodos utilizados tem gerado discussões sobre a responsabilidade desses famosos — especialmente diante de um público jovem e vulnerável.
Enquanto algumas celebridades alegam que a mudança física é fruto de rotina saudável, dieta e exercícios, há suspeitas e, em alguns casos, indícios do uso de medicamentos para emagrecimento, como o Ozempic. Quando essas informações não são abordadas com clareza, cria-se a ilusão de que corpos extremamente magros são naturalmente alcançáveis, sem esforço extremo ou riscos à saúde.
Romantização do sofrimento
Essa tendência de cultuar a magreza, muitas vezes mascarada por vídeos “engraçados” ou danças virais, pode esconder um sofrimento profundo. A busca por pertencimento e aceitação social leva muitas pessoas a tentarem se adequar a padrões cada vez mais rígidos, o que gera exclusão, vergonha e baixa autoestima para quem não se encaixa nesses ideais.
O que é um emagrecimento saudável
Em oposição às dietas extremas e à obsessão estética, o processo de emagrecimento saudável é aquele que prioriza o bem-estar físico, emocional e mental, sem restrições severas ou pressões externas. Ele deve ser uma escolha consciente e individual, pautada em saúde e qualidade de vida — não em números na balança ou tendências passageiras.
Redes sociais e responsabilidade coletiva
O fenômeno das trends que exaltam corpos magros evidencia um desafio urgente: como promover uma cultura digital que acolha a diversidade de corpos e incentive hábitos saudáveis sem glamourizar o sofrimento? A reflexão sobre o conteúdo que consumimos — e compartilhamos — é o primeiro passo para romper com esses ciclos de comparação e culpa. Também é preciso cobrar mais responsabilidade das plataformas, das marcas e das figuras públicas que alimentam essas narrativas, direta ou indiretamente.
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