Violência mortal na Síria pode alterar alianças internas e regionais

Conflitos em Sweida Revelam Tensão Sectária na Síria

BEIRUTE — A Síria continua em estado de instabilidade, com recentes confrontos em Sweida envolvendo milícias druzas e tribos beduínas, resultando em centenas de mortes. O governo interino, liderado por Ahmad al-Sharaa, e Israel intervieram, complicando ainda mais as relações regionais.

Os combates começaram no último domingo, quando milícias druzas se enfrentaram com tribos beduínas na província sulista de Sweida. A intervenção do governo, que buscava restaurar a ordem, acabou por tentar retomar o controle da área dominada pelos druzos. Durante os confrontos, houve relatos de execuções de civis druzos e saques a suas propriedades.

Israel, que vê os druzos como uma minoria leal, lançou ataques aéreos contra alvos do governo sírio em resposta à violência. Os bombardeios incluíram a sede do Ministério da Defesa em Damasco e áreas próximas ao palácio presidencial. A situação levou a um cessar-fogo mediado, permitindo que os druzos mantivessem a segurança em Sweida, embora os combates continuem entre eles e os beduínos.

Desconfiança entre Minorias

A desconfiança em relação ao governo interino, composto por ex-rebeldes, cresce entre as minorias, incluindo os druzos. A falta de representação significativa no novo governo alimenta temores de que as promessas de proteção a grupos étnicos e religiosos não sejam cumpridas. Especialistas alertam que a violência sectária pode desestabilizar alianças pós-guerra e aumentar as tensões regionais.

Além disso, a recente escalada de violência pode afetar as tentativas de normalização das relações entre Síria e Israel, que estavam em andamento sob a administração Trump. A expectativa de um diálogo pacífico foi abalada pelos ataques israelenses, que complicam a dinâmica política interna da Síria.

Implicações Regionais

A crise em Sweida também pode influenciar a relação da Síria com a Turquia. Durante a guerra civil, os EUA apoiaram as forças curdas no nordeste da Síria, mas a retirada gradual das tropas americanas e a busca por integração com o governo de Damasco criaram um cenário incerto. A desconfiança entre os curdos e o governo sírio, exacerbada pela violência recente, pode levar a uma nova busca por apoio externo, possivelmente de Israel.

A situação em Sweida é um reflexo das complexas dinâmicas sectárias e políticas que ainda permeiam a Síria, mostrando que a paz duradoura no país permanece um objetivo distante.