Por Luís Felipe Neiva Silveira A iminente decisão da Copa do Brasil de 2025 contra o Corinthians não é apenas uma revanche histórica ou o fim de um jejum nacional que perdura desde 2011. Para o Club de Regatas Vasco da Gama, este momento representa algo muito mais raro na sua trajetória recente: o alinhamento […]
Por Luís Felipe Neiva Silveira
A iminente decisão da Copa do Brasil de 2025 contra o Corinthians não é apenas uma revanche histórica ou o fim de um jejum nacional que perdura desde 2011. Para o Club de Regatas Vasco da Gama, este momento representa algo muito mais raro na sua trajetória recente: o alinhamento planetário entre a estabilidade administrativa e o desempenho esportivo.
Historicamente, o Vasco sempre foi medido por uma régua de elite. De Ademir de Menezes a Roberto Dinamite; da “Barreira” de 1950 ao “Trem Bala” de 2011. O problema é que, nas últimas décadas, o peso dessa camisa se tornou uma “pressão desorganizadora”. O que mudou em 2025? O clube parou de tentar vencer “apesar de si mesmo” e passou a vencer “por causa de si mesmo”.
O Fim do Caos: A Metamorfose Administrativa

A diferença entre o Vasco que lutava contra o rebaixamento e o Vasco que hoje domina o cenário nacional está na estrutura. A transição de um modelo de “gestão de crise” para um “modelo de planejamento” pode ser resumida em contrastes nítidos:
Para analisar a evolução do Vasco da Gama, é fundamental contrastar os dois momentos administrativos recentes.
Abaixo, os principais indicadores que explicam a transição do período de instabilidade (O Caos: 2021–2023) para a fase de estruturação (A Ordem: 2024–2025):
Comando Técnico: O clube deixou para trás as trocas frenéticas de treinadores e a ausência de uma identidade de jogo clara, passando a priorizar a continuidade do trabalho e a autonomia da comissão técnica.
Uso das Categorias de Base: A utilização dos jovens talentos, que antes servia apenas como uma resposta emergencial para apagar “incêndios” e crises técnicas, agora segue um cronograma planejado de valorização e vendas estratégicas.
Política Interna: Os ruídos constantes e as interferências políticas no departamento de futebol foram substituídos por uma centralização técnica, focada em decisões puramente estratégicas.
Gestão de Mercado: O modelo anterior, baseado em contratos curtos e apostas de risco, deu lugar a uma postura de proteção de ativos, garantindo maior segurança jurídica e financeira ao elenco.
O Campo Fala: O Impacto de Vegetti e Rayan

A campanha de 2025 não é feita de lampejos, mas de regularidade. O time de 2011, usado como parâmetro de conduta, tinha o controle emocional como trunfo. O atual elenco elevou esse sarrafo.
Pablo Vegetti, com seus 27 gols na temporada, tornou-se o eixo gravitacional do ataque. Ele não é apenas um finalizador; é a liderança emocional que o Vasco não tinha em jogos grandes. Do outro lado da balança geracional, Rayan personifica a nova política de ativos: com 14 gols no Brasileiro e uma postura rígida da diretoria contra vendas precoces, o jovem atacante agora é visto como uma joia de €50 milhões, e não mais como um “salvador de finanças” imediato.
Pedrinho e o “All-in” Institucional
A gestão de Pedrinho trouxe um pragmatismo técnico que o clube desconhecia. Mais do que decisões midiáticas, o foco em renegociação de dívidas e na modernização de São Januário (com potencial para 50 mil torcedores) transformou o patrimônio físico em ativo financeiro.
Há, inclusive, um componente simbólico de entrega pessoal: as informações de bastidores sugerindo que bens pessoais do presidente foram empenhados como garantia em processos de reestruturação — embora não confirmados oficialmente — alimentam a percepção de que a atual gestão trata o clube com uma responsabilidade quase visceral.
O Mercado Voltou a Respeitar a Cruz de Malta
O retorno da Nike, em um contrato de R$ 250 milhões, é o selo definitivo de que o mercado publicitário parou de ver o Vasco como uma “incógnita” e passou a enxergá-lo como uma potência de exposição.
O Título como Consequência
Se o capitão vascaíno erguer a taça da Copa do Brasil, o Brasil verá a coroação de um processo. A vitória em 2011 foi um oásis de competência em um deserto de instabilidade. A possível vitória de 2025 é o primeiro fruto de uma árvore finalmente bem plantada.
Para o torcedor, é o alívio. Para o mercado, é credibilidade. E para os adversários, é um aviso: o Gigante parou de tropeçar nas próprias pernas e aprendeu a caminhar com passos de quem sabe exatamente onde quer chegar.
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