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Campanha da Havaianas gera reação política e expõe efeitos da polarização

Com brincadeira na mensagem de Ano Novo, comercial da marca gera pedidos de boicote de grupos conservadores

Lucas Pires
Por Revisado por: Luiz Cesar Pimentel
Imagem: Divulgação / Havaianas

O gatilho da polêmica  A campanha de fim de ano da Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres, colocou a marca brasileira no centro de uma disputa política nas redes sociais e gerou pedidos de boicote por parte de grupos conservadores. Na publicidade, a atriz faz uma brincadeira com a expressão popular “começar o ano com […]

O gatilho da polêmica 

A campanha de fim de ano da Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres, colocou a marca brasileira no centro de uma disputa política nas redes sociais e gerou pedidos de boicote por parte de grupos conservadores.

Na publicidade, a atriz faz uma brincadeira com a expressão popular “começar o ano com o pé direito”. No lugar da frase, ela diz preferir desejar que as pessoas iniciem 2026 “com os dois pés”. A fala foi interpretada por políticos, influenciadores e militantes da direita como uma mensagem política velada.

A leitura ganhou força, entre esse público, pelo contexto da atriz. Para conservadores, a trajetória pública de Fernanda Torres e sua presença recente em obras com temática social e política, como o filme Ainda Estou Aqui, contribuíram para a interpretação ideológica da campanha, ainda que o comercial não traga referência política explícita.

Reação nas redes e impacto no mercado financeiro

Nas redes sociais, parlamentares do campo conservador passaram a criticar a marca e defender o boicote aos produtos. O deputado federal Eduardo Bolsonaro afirmou considerar a Havaianas um símbolo nacional, mas repudiou a escolha da atriz como garota-propaganda. Em vídeo publicado nas redes, ele descarta um par de sandálias da marca. Outros parlamentares, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), também se manifestaram no mesmo sentido.

O embate político em torno da campanha teve reflexos no mercado financeiro. Na manhã desta segunda-feira (22), as ações da Alpargatas, controladora da Havaianas, chegaram a recuar cerca de 3% na B3, reduzindo as perdas ao longo do dia para aproximadamente 1,37%. 

Expansão global e resultados recordes em 2025

O episódio acontece em um momento de forte desempenho da marca. Em 2025, a Havaianas consolidou sua presença internacional com colaborações de alto perfil, como a parceria com a Dolce & Gabbana, que teve modelos esgotados com preços de até R$ 700, além de ações com marcas como Zara, Bape, Mastermind e a startup alemã Zellerfeld, responsável pelo primeiro chinelo 3D da marca. A empresa também anunciou Gigi Hadid como sua primeira embaixadora global e teve produtos usados por celebridades como Kylie Jenner durante o verão europeu.

Segundo dados divulgados pela própria companhia, a Alpargatas registrou lucro líquido de R$87 milhões no segundo trimestre de 2025, alta de mais de 270% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre abril e junho, foram vendidos 49 milhões de pares de Havaianas no mundo. O crescimento foi puxado principalmente pelos mercados internacionais, com alta de 6% na Europa e de 30% nos Estados Unidos.

No terceiro trimestre de 2025, a empresa alcançou o maior Ebitda ajustado nominal de sua história, de R$255,7 milhões, avanço de 86,8% na comparação anual. A margem operacional subiu de 13,2% para 22,9%, enquanto a receita líquida chegou a R$1,1 bilhão. Apesar disso, o volume vendido no mercado brasileiro recuou 3,1%, enquanto as vendas no exterior cresceram 7%.

Em entrevista à Forbes Brasil, a chefe de marketing global da Havaianas, Maria Fernanda Albuquerque, afirmou que a estratégia da marca se baseia em dois pilares: manter a identificação com o público brasileiro e, ao mesmo tempo, investir em aspiração por meio da moda, de colaborações e da presença internacional. Segundo ela, a empresa não pretende abandonar produtos populares, mesmo com a ampliação do portfólio de maior valor agregado.

Brasil cada vez mais polarizado

O episódio da Havaianas mostra que, hoje, até uma campanha de marketing aparentemente inocente pode se transformar em um campo de batalha simbólico. Em um país onde a polarização está presente no dia a dia, cada gesto, cada palavra e cada escolha de comunicação acaba sendo lida de forma política, mesmo quando não há (ou há) intenção. 

A repercussão da campanha evidencia como símbolos e mensagens podem assumir significados diferentes dependendo do olhar de quem interpreta, transformando decisões de consumo em debates sobre valores, identidade e pertencimento.

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