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E assim criou Brigitte Bardot

E o homem levou dois minutos para tentar cancelá-la, ignorando meio século de luta

Virei vegetariano na consciência antes mesmo de parar de comer carne no prato. O vegetarianismo baseado na defesa animal é uma atitude moral, não apenas de saúde. Percebi cedo que a estupidez de matar um animal para consumo não só não se justificava, como era — e é — uma das atitudes mais covardes possíveis. […]

Virei vegetariano na consciência antes mesmo de parar de comer carne no prato. O vegetarianismo baseado na defesa animal é uma atitude moral, não apenas de saúde. Percebi cedo que a estupidez de matar um animal para consumo não só não se justificava, como era — e é — uma das atitudes mais covardes possíveis.

Esse lampejo de consciência me acometeu lá pelos 7 ou 8 anos, quando assisti a uma terrível matança de bebês foca no Canadá, mortos a pauladas para abastecer o mercado da moda.

A mesma indignação moveu Brigitte Bardot. Naquela época, ela largou tudo e foi para o gelo canadense abraçar aquelas focas RN, tentando abrir os olhos do mundo para a atrocidade. Ela havia abandonado o auge da carreira de atriz para se dedicar inteiramente à causa.

Simpatizei imediatamente. Conhecida mundialmente pelo cinema, ela ficou na indústria por 17 anos. O restante da vida, até falecer hoje aos 91 anos, ela dedicou aos bichos. Foram 52 anos de ativismo prático, não teórico.

Em meados dos anos 1980, vendeu propriedades e leiloou joias para criar a Fundação Brigitte Bardot, hoje presente em cerca de 70 países. Pense em quantos seres ela salvou, quanto sofrimento evitou e quanta consciência despertou.

Já reclusa, sua imagem pública sofreu com seu casamento com um político de extrema-direita e suas opiniões polêmicas. É desse pavio que parte o cancelamento que ela sofre agora, segundos após seu último suspiro.

Como a causa animal é meu norte, fui verificar as acusações de racismo e intolerância. Muitas críticas vinham de seus ataques ao abate ritualístico de ovelhas (Halal). Ao ler, concluí que, no lugar dela, talvez eu tivesse a mesma fúria. Não contra a fé alheia, mas contra a ideia de que qualquer tradição ou divindade possa se comprazer com um pescoço degolado. Para quem defende a vida, a dor do animal grita mais alto que o dogma.

Houve também o episódio da Ilha da Reunião, onde ela chamou habitantes de “selvagens” devido aos maus-tratos locais a animais. Termos carregados de preconceito? Sim. Mas motivados por uma intolerância visceral à crueldade, algo que qualquer protetor de animais entende na pele.

É fato: Bardot foi condenada na justiça francesa por incitação ao ódio racial em seus livros e cartas. Não há como negar ou defender essas falas; elas são inadmissíveis, manchadas por eugenia e xenofobia.

Mas, quer saber?

Não preciso concordar com a visão de mundo sociopolítica de Bardot para reverenciar o que ela fez. A história é complexa. Eu escolho não fazer um revisionismo que apaga o bem concreto em nome de palavras infelizes.

Não sei se as falas dela causaram prejuízos reais a alguém, mas sei exatamente quantos animais são salvos todos os dias graças à fundação que leva seu nome e ao holofote que ela jogou sobre a causa.

Neste 2026 que se inicia, completo 30 anos nesse barco da proteção animal. E, no balanço final, o saldo de vidas salvas por Brigitte Bardot pesa muito mais do que os erros de sua verborragia.

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