- A Mongabay, em colaboração com o Pulitzer Center, revelou que o Brasil publicou mais de 1.012 licitações desde 2004 para a compra de carne de tubarão, totalizando mais de 5.400 toneladas e ao menos 112 milhões de reais.
- A investigação aponta que 542 municípios, em 10 estados, participaram dessas aquisições para escolas públicas, hospitais e prisões.
- Em uma segunda etapa, houve registro de pelo menos 211 toneladas de cação angelo (peixe-anta) em licitações no Rio Grande do Sul, estado mais ao sul.
- O prêmio ARI/Banrisul de jornalismo, em que a série ficou em segundo lugar, foi anunciado pelo Sindicato de Imprensa do Rio Grande do Sul, destacando recorde de inscrições.
- A divulgação levou a debates sobre o consumo de carne de tubarão, a proteção de espécies ameaçadas e possíveis mudanças em políticas públicas de aquisição de alimentos.
A Mongabay, em parceria com o Pulitzer Center, gravou e publicou uma investigação sobre compras públicas de carne de tubarão para escolas, hospitais e prisões no Brasil. O material aponta a emissão de 1.012 pregões desde 2004, para a aquisição de mais de 5,4 mil toneladas de carne de tubarão, avaliadas em pelo menos 112 milhões de reais. As compras envolveram 542 municípios em 10 estados do país. O estudo ressalta riscos à saúde e impactos ambientais, com alto teor de mercúrio e arsênio na carne.
A apuração também revelou que, no Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul, governos estaduais teriam lançado pregões para ao menos 211 toneladas de cação, espécie de tubarão, considerada ameaçada. A divulgação gerou debates sobre segurança alimentar, conservação marinha e conformidade de compras públicas com regras de proteção ambiental.
A publicação inicial ocorreu no fim de julho, gerando repercussão nacional. Especialistas destacaram que o comércio de carne de tubarão é menos conhecido que o de nadadeiras, porém igualmente relevante para políticas públicas e conservação marinha. A Mongabay aponta preocupações com a qualidade e o rastreio dessas aquisições.
A notícia levou a demandas por audiências públicas e debates entre setores industriais e parlamentares. Líderes ambientais e organizações não governamentais pediram avaliação de impactos à saúde e à biodiversidade, bem como a divulgação de dados sobre fornecedores e critérios de seleção.
No âmbito institucional, o Conselho Nacional do Meio Ambiente e o governo federal estudam medidas para regular o comércio de tubarão, incluir restrições a práticas de pesca e revisar processos de licitação. A reportagem sugere acompanhamento de políticas públicas relacionadas a espécies protegidas e saúde pública.
A divulgação também mobilizou ações legais e mobilização de entidades civis. Em Rio Grande do Sul, órgãos estaduais comunicaram suspender compras de carne de tubarão para programas de alimentação pública, até conclusão de avaliações técnicas. A imprensa destacou o envolvimento de agências estaduais com o tema.
O material foi citado em veículos nacionais e internacionais, incluindo cobertura de rádio e plataformas de mídia. A equipe da Mongabay recebeu reconhecimento por atribuir dados abertos e fundamentados à discussão pública sobre comércio de tubarões e seus efeitos.
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