- A carne brasileira aumentou sua participação no mercado de carne bovina dos Estados Unidos, passando de 0,5% em 2020 para 26,6% em 2025.
- Esse crescimento é impulsionado principalmente pelos beef trimmings, essenciais para a produção de carne moída.
- A escassez de fêmeas bovinas nos EUA, devido a um ciclo prolongado de abates, compromete a oferta de cortes para carne moída, que representa cerca de 50% do consumo per capita de carne bovina no país.
- O governo Trump anunciou uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, o que pode elevar os preços da carne moída nos EUA e impactar o setor de alimentos processados.
- O Brasil pode buscar novos mercados, como China e Sudeste Asiático, para diversificar suas exportações, já que apenas 12,3% da carne bovina exportada pelo Brasil vai para os Estados Unidos.
Nos últimos anos, a carne brasileira se consolidou como um importante fornecedor no mercado de carne bovina dos Estados Unidos. De janeiro a maio de 2025, o Brasil respondeu por 26,6% das importações de carne bovina dos EUA, um salto significativo em relação aos 0,5% registrados em 2020. Essa mudança é impulsionada principalmente pelos beef trimmings, que são essenciais para a produção de carne moída e hambúrgueres.
A crescente participação da carne brasileira no mercado americano ocorre em um contexto de escassez de fêmeas bovinas nos EUA, resultado de um ciclo prolongado de abates. Essa situação compromete a oferta de cortes usados na produção de carne moída, que representa cerca de 50% do consumo per capita de carne bovina no país. João Figueiredo, analista da Datagro, destaca que a ausência do Brasil no fornecimento de beef trimmings poderia causar um “gargalo importante” no mercado americano.
Impacto das Tarifas
Recentemente, o governo Trump anunciou uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, o que pode elevar os preços da carne moída nos EUA. Figueiredo alerta que o setor de alimentos processados será o mais afetado, impactando diretamente o consumidor final. Embora países como Austrália e Argentina possam tentar preencher essa lacuna, nenhum deles possui a mesma escala e competitividade do Brasil, que tem a arroba bovina mais barata em dólares.
Fernando Iglesias, do Safras & Mercado, observa que, apesar da possibilidade de os EUA recomporem seu rebanho, esse processo pode levar anos. Atualmente, apenas 12,3% da carne bovina exportada pelo Brasil tem como destino os Estados Unidos. A medida de Trump pode, portanto, impulsionar o Brasil a explorar novos mercados, como China e Sudeste Asiático, onde a demanda por carne bovina continua a crescer.
Com essa dinâmica, o Brasil se posiciona para diversificar suas exportações, aproveitando a situação para fortalecer sua presença em mercados estratégicos. A dependência dos EUA em relação à carne brasileira pode resultar em um rearranjo nas correntes de comércio global, beneficiando o Brasil em um cenário de incertezas comerciais.
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