Criptomoedas ganham espaço na Bolívia com inflação de 25% e crise financeira

A Bolívia enfrenta uma grave crise econômica, marcada por alta inflação, desconfiança nas instituições e escassez de dólares, levando a população a buscar alternativas. O uso de criptomoedas cresce rapidamente, com pagamentos digitais aumentando cinco vezes em seis meses, refletindo uma adoção generalizada em diversos setores.

No Aeroporto Internacional de El Alto, um vendedor já lista preços em USDT, uma stablecoin atrelada ao dólar. Universidades pagam professores internacionais em Bitcoin, e até a estatal de petróleo utilizou criptomoedas para pagamentos. Oswaldo Barriga, líder empresarial local, afirma que o uso de cripto é alto entre importadores, que precisam de moeda forte para pagamentos urgentes.

A situação financeira da Bolívia é crítica, com déficits orçamentários acumulados por 11 anos e uma dívida em moeda estrangeira equivalente a um quarto da economia. A inflação, que atingiu 25%, e a desvalorização do boliviano tornam os bens importados excessivamente caros. A desconfiança nas instituições tradicionais também impulsiona a adoção de ativos digitais, que se tornaram uma forma de resistência e proteção de economias.

Crescimento das Criptomoedas

Desde que a proibição das criptomoedas foi suspensa, o número de usuários de plataformas de cripto aumentou drasticamente. Carlos Neira, cofundador da Meru, relata um crescimento de 6.600% em usuários bolivianos. Influenciadores locais promovem a cripto como um caminho para a liberdade financeira, atraindo empresas estrangeiras que veem a Bolívia como um potencial centro do ecossistema cripto na América Latina.

Christopher Salas, um vendedor de café em La Paz, destaca que aceitar Bitcoin é uma forma de preservar suas economias e desafiar o sistema. Apesar da facilidade de acesso às criptomoedas, a obtenção de dólares ainda é difícil, com saques limitados nos bancos e preços elevados no mercado negro.

Desafios e Oportunidades

Embora as criptomoedas ofereçam novas oportunidades, elas também apresentam riscos. A instabilidade de algumas stablecoins e a volatilidade do Bitcoin são preocupações. O governo boliviano, por sua vez, adotou uma postura passiva em relação à regulamentação das criptos, permitindo que a adoção ocorra de forma orgânica, ao contrário de outros países da região.

A necessidade de alternativas financeiras tem forçado a adoção de criptomoedas, que, embora ainda representem uma fração da economia, estão se tornando cada vez mais relevantes na vida cotidiana dos bolivianos. A situação econômica crítica e a busca por soluções inovadoras moldam um cenário onde as criptomoedas podem desempenhar um papel crucial no futuro financeiro do país.