Catadores de recicláveis lutam por reconhecimento enquanto número global pode atingir 34 milhões
Instalação artística retratando o interior de uma baleia forrada com resíduos plásticos em Busan, antes da abertura da Quinta sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação da ONU sobre Poluição Plástica (Foto: Anthony Wallace/AFP)
Enquanto diplomatas se reúnem em Busan, na Coreia do Sul, para negociar um tratado visando reduzir a contaminação por plásticos, os catadores de lixo, que desempenham um papel vital na reciclagem, buscam reconhecimento e melhores condições de trabalho. Estima-se que entre 20 e 34 milhões de catadores atuem globalmente, contribuindo para a recuperação de materiais recicláveis. María Soledad Mella Vidal, uma catadora chilena, destaca a falta de financiamento e infraestrutura, mas expressa orgulho pelo impacto positivo de seu trabalho.
Atualmente, apenas 9% dos plásticos são reciclados mundialmente, sendo que mais da metade dessa taxa é atribuída ao trabalho dos catadores. Johnson Doe, um catador de Gana, relata que começou sua trajetória aos 16 anos devido à falta de emprego formal. Ele coleta materiais recicláveis nos depósitos de lixo, onde sua renda média é de R$ 18,00 por dia, o que considera suficiente para sua sobrevivência. Doe enfatiza a necessidade de respeito e inclusão para esses trabalhadores.
María Soledad, que trabalha nas ruas, acorda às 05h para coletar resíduos antes da chegada dos caminhões de lixo. Ela defende que a relação entre o catador e o resíduo é insubstituível, ressaltando a importância de sua experiência na identificação de diferentes tipos de plásticos. Em 2022, a ONU reconheceu a contribuição dos catadores na luta contra a poluição plástica, mas eles buscam que esse reconhecimento seja formalizado no tratado em negociação.
O movimento dos catadores ganhou força após a tragédia de 1992, quando onze catadores foram mortos na Colômbia, um evento que unificou a categoria. O 1º de março é agora o Dia Mundial dos Catadores. Com a Aliança Internacional de Catadores, que conta com 460 mil membros, as reivindicações por melhores condições de trabalho e saúde se intensificam. Johnson Doe afirma que o reconhecimento legal no tratado poderia transformar suas vidas, proporcionando dignidade e segurança a essa profissão frequentemente negligenciada.