Mais de seis milhões de artigos acadêmicos são publicados anualmente, mas cerca de 2% deles são considerados falsos, segundo estimativas de editoras. Nos últimos dez anos, a produção e venda de pesquisas fraudulentas se tornaram uma prática industrializada, prejudicando a literatura científica que fundamenta decisões cruciais em áreas como medicina e engenharia. Embora cerca de […]
Mais de seis milhões de artigos acadêmicos são publicados anualmente, mas cerca de 2% deles são considerados falsos, segundo estimativas de editoras. Nos últimos dez anos, a produção e venda de pesquisas fraudulentas se tornaram uma prática industrializada, prejudicando a literatura científica que fundamenta decisões cruciais em áreas como medicina e engenharia. Embora cerca de 55.000 artigos já tenham sido retratados, especialistas acreditam que o número de publicações falsas pode chegar a centenas de milhares, dificultando a identificação de estudos legítimos.
Esses artigos fraudulentos têm um impacto negativo significativo, atrasando pesquisas que podem beneficiar milhões de pessoas. Os campos de câncer e medicina são os mais afetados, enquanto áreas como filosofia e arte apresentam menos incidência de fraudes. O fenômeno reflete uma mercantilização da ciência, onde a pressão para publicar se intensifica, levando a um ambiente propício para a atuação de fraudadores. A prática conhecida como “paper mills” se refere a empresas que produzem artigos acadêmicos falsos, priorizando lucros em detrimento do conhecimento.
Além disso, a revisão por pares, que deveria garantir a qualidade das publicações, enfrenta desafios, pois muitos revisores não buscam sinais de fraude. A utilização de inteligência artificial para gerar revisões e a formação de cartéis de revisão por pares agravam a situação. A crescente conscientização sobre o problema levou a um aumento nas denúncias e retratações, mas as editoras ainda demoram a agir, permitindo que artigos fraudulentos permaneçam na literatura.
Para combater essa crise, iniciativas estão sendo desenvolvidas, como o Problematic Paper Screener, que analisa milhões de artigos em busca de indícios de fraude. No entanto, a luta contra as fábricas de artigos é complexa e requer uma mudança na forma como a pesquisa é avaliada e recompensada. Especialistas sugerem que a comunidade acadêmica deve priorizar a qualidade da pesquisa em vez da quantidade, promovendo um ambiente mais ético e sustentável para a produção científica.
Entre na conversa da comunidade