- Relatório de 2025 afirma que a política do Reino Unido de impedir refugiados de atravessar o Channel em pequenas embarcações aumentou a violência, mortes e o poder de contrabandistas, sem reduzir as chegadas.
- O documento, com 176 páginas, reúne organizações de direitos humanos na França e no Reino Unido e descreve uso de balas de borracha e gás pela polícia francesa, financiada com centenas de milhões de libras pelo Reino Unido.
- Em 2024, houve 28 operações violentas da polícia, 44 detenções e mais de 16.365 pessoas impactadas por despejos (800 ações de despejo).
- Em 2025, quatro pessoas foram mortas a tiros perto de acampamentos de contrabandistas em Dunkirk, incluindo um jovem de 16 anos com autismo.
- O relatório solicita uma investigação estatutária sobre o aumento de mortes e violência e a criação de rotas seguras, argumentando que o financiamento não deterá travessias e fortalece redes criminosas.
A partir de uma ação governamental para impedir refugiados de atravessar o Canal em embarcações rápidas, um relatório de 176 páginas aponta aumento da violência, mortes e controle de redes de contrabando. O estudo reúne contribuições de 17 organizações de refugiados na França e seis no Reino Unido.
O relatório detalha uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e financiamento britânico para a fronteira francesa. Testemunhos de solicitantes de asilo, médicos e profissionais de saúde reforçam a gravidade das condições em Calais e norte da França. O Home Office teve acesso ao material, sem comentar o conteúdo.
Segundo o documento, em 2024 houve 28 operações violentas da polícia contra redes de transporte de migrantes, resultando em 44 detenções. Além disso, mais de 16 mil pessoas foram impactadas por despejos de acampamentos, com cerca de 800 ações desse tipo registradas.
Em 2025, quatro pessoas foram mortas a tiros perto de acampamentos de contrabandistas em Dunkirk, incluindo um jovem de 16 anos com autismo. O texto aponta ainda recorde de 89 óbitos em 2024 e fortalecimento das redes criminosas, com recomendações de investigação estatutária sobre a relação entre financiamento, violência e falta de rotas seguras.
A associação Utopia 56 informou que entre março e setembro de 2025 houve violência policial que atingiu 680 pessoas na região, muitas vezes quando não havia tentativa de travessia. A organização Human Rights Observers registrou 28 operações violentas e 44 detenções em 2024, além de despossessões que atingiram milhares de pessoas.
O relatório defende a criação de rotas seguras para evitar mortes e violência. Mantém a crítica à securitização e pede apuração sobre o papel do financiamento britânico nas condições de deslocamento e na atuação de contrabandistas.
Entre as respostas institucionais, o Home Office descreveu as travessias como “shameful” e ressaltou que, desde o acordo com a França, cerca de 21 mil tentativas foram impedidas neste ano. Contudo, o documento reforça a necessidade de esclarecer impactos reais das políticas em vigor.