- A cocaína continua entrando fortemente na Europa, comAmberes, no porto belga, como principal porta de entrada; em 2024, as apreensões na Bélgica somaram 44 toneladas, apesar da maior parte da droga seguir transportada por via marítima.
- Entre 2019 e 2024, Bélgica acumula mais de 500 toneladas apreendidas, quase 90% no porto de Amberes, que recebe contêineres de várias partes do mundo.
- As redes de tráfico envolvem grupos de vários países, incluindo Albânia, Países Baixos, Bélgica, Itália e Espanha; há uso cada vez maior de menores no crime e no recrutamento para o portos.
- A União Europeia apresentou um plano de combate ao crime organizado para os próximos cinco anos, com foco em cooperação entre os Estados-membros; o debate sobre legalizar as drogas persiste entre autoridades e sociedade.
- Mesmo com quedas nas apreensões, a oferta não recuou: o preço permanece estável e há indicações de diversificação de rotas e métodos, mantendo Amberes como centro estratégico para o tráfico na Europa.
O tráfico de cocaína na Europa continua em ascensão, com Amberes consolidando-se como principal porta de entrada. Dados recentes apontam recordes de produção e consumo, impactando Bélgica e o conjunto da UE.
Em 2024, as apreensões de cocaína na Bélgica somaram 44 toneladas, segundo autoridades locais. A maioria das cargas chega por via marítima, especialmente pelo porto de Amberes, a partir de rotas que vão da América Latina e, em menor escala, da África Ocidental.
O papel de Amberes
O porto de Amberes, a segunda maior área portuária da UE, movimenta fluxo intenso de mercadorias e contêineres. A inspeção é desafiadora: autoridades estimam que menos de 2% dos contêineres globais são checados, enquanto a fiscalização no porto belga fica entre 10% e 15% para cargas vindas da América do Sul.
A cidade é descrita por especialistas como a “capital europeia da cocaína” devido aovolume de traficantes e à recorrência de operações ligadas ao entorpecente. Cargas escondidas em contêineres, embarcações rápidas e rotas oceânicas são práticas recorrentes no esquema.
Fluxo, redes e recrutamento
Entre 2019 e 2024, Bélgica já apreendeu mais de 500 toneladas de cocaína, principalmente no porto de Amberes. As redes criminosas operam com estruturas internacionais, envolvendo grupos de Albânia, Bélgica e Holanda, entre outros. A organização Europol lista mais de 440 entidades dedicadas ao comércio de cocaína na UE.
A presença de menores no tráfico aumenta a alarme social e legal. Reports indicam recrutamento de jovens em Bélgica e nos Países Baixos para atividades de distribuição e coleta, com relatos de prisões de menores nas operações no porto. O recrutamento é descrito como imediato e com presões para manter o silêncio.
Resposta institucional e debate público
A União Europeia anunciou, em 2024, um plano quinênio para combate ao crime organizado, com ênfase em cooperação entre Estados-membros e troca de informações. Em Bruxelas, autoridades e especialistas discutem medidas para reforçar controles portuários sem prejudicar o comércio.
Discussões sobre legalização da droga persiste, com autoridades belgas afirmando que a legalização não resolve o problema global. Analistas destacam a necessidade de reduzir demanda mundial e melhorar vigilância nas rotas marítimas.
Tendências e contexto internacional
A complexidade do tráfico envolve rotas diretas da América Central e do Sul ou escalas na África Ocidental. Países de trânsito, como Noruega e Suécia, enfrentam repercussões de estratégias de controle, que geram deslocamentos de cargas para outros mercados europeus.
Estudos de qualidade de águas residuais em Amberes revelam alta concentração de traços de cocaína, evidenciando o impacto urbano do consumo e da renda criminosa ligada ao porto. Autoridades ressaltam a relação entre violência local e atividades ligadas ao tráfico.
Em perspectiva
Especialistas apontam que, apesar da queda de apreensões em 2024, o fluxo continua estável, com oferta mantida e rotas em constante adaptação. O combate exige cooperação transnacional, inovação tecnológica e ações focalizadas nas redes de distribuição e recrutamento.