- Em Honduras, as eleições de 30 de novembro ainda não tiveram o resultado final, mas há um claro vencedor externo: Taiwan, com ambos os candidatos prometendo reatar relações com Taipei.
- Caso seja eleito, o próximo governante vai romper relações com Pequim e restabelecer laços com Taiwan, revertendo a decisão de março de 2023, que rompeu a relação de Honduras com Taiwan.
- Taiwan, hoje, tem apenas 12 aliados diplomáticos, resultado da campanha de Beijing para isolar a ilha e impedi-la de se manter como parte de “uma China”; Honduras já foi a quinta na região a mudar de lado nos últimos dez anos.
- Fatores que frearam a diplomacia de Taiwan na região incluem pressão dos Estados Unidos, promessas chinesas não cumpridas e escândalos de corrupção; recentes visitas de parlamentares panamenses a Taipei sinalizam retomada de laços.
- No aspecto econômico, Honduras informou dificuldades financeiras e Taiwan foi apontada como responsável por negociações de dívida; exportações de camarão de Honduras caíram após perder a demanda de Taiwan, enquanto Panamá busca participação em projetos chineses e na relocalização de componentes industriais.
Depois de semanas de falhas técnicas, acusações de fraude e críticas à interferência de Washington, o resultado oficial das eleições em Honduras, em 30 de novembro, ainda não foi divulgado. Mas já se observa um vencedor que atrai atenção mundial: Taiwan.
Mesmo com a expectativa de mudanças em preparativos de política externa, os dois candidatos mais fortes defendem romper ligações com Beijing e reatar relações com Taipei, romper com a decisão de março de 2023 da então presidente Xiomara Castro, que encerrou os 82 anos de vínculo com Taiwan.
Para a imprensa, o discurso dos candidatos aponta para uma nova leitura sobre os ganhos de manter alianças com Taiwan frente à pressão econômica chinesa. Em 2023, Honduras foi o quinto país da região a cortar laços com Taipei, após uma campanha internacional de Beijing para isolar Taiwan.
Contexto regional e impactos
Em Taipei, o ceticismo com a posição hondurenha era acompanhado pela cobrança de renegociar dívidas e ampliar ajuda financeira, enquanto Honduras alegava ter necessidades superiores aos compromissos atuais. A relação com Taipei, segundo relatos, já enfrentava fricções por parte de Honduras, que buscava condições mais vantajosas.
O que se observa hoje é uma guinada de Honduras para alinhamento com Taiwan, com potencial impacto diplomático na região. Países da América Central têm sido objetos de uma batalha de influência entre Beijing e Taipei, com consequências econômicas para exportações, investimentos e acordos de cooperação.
A análise de especialistas aponta que a pressão dos Estados Unidos e casos de corrupção envolvendo acordos com China influenciam o cenário. Observadores destacam que a percepção pública sobre as vantagens de cada relação pode moldar movimentos eleitorais e decisões de governança.
No pano de fundo, cresce a percepção de que a adesão a Taiwan, ainda que isolado, depende de fatores de custo-benefício, promessas de investimento e condições de dívida. A situação hondurenha é apenas um capítulo de um processo regional mais amplo, em que o futuro de laços com Beijing ou Taipei permanece incerto.
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