- Arquivos recém-publicados mostram que Tony Blair pressionou autoridades para que soldados britânicos acusados de espancar um iraquiano até a morte não fossem julgados em tribunais civis.
- Em julho de 2005, uma secretária particular informou ao premier que o procurador-geral havia se reunido com promotores do exército para discutir o caso contra os soldados, avaliando a possibilidade de tribunal marcial.
- Blair escreveu marginalmente “It must not!” na passagem que descrevia a tendência de manter o caso fora do sistema civil, segundo os documentos.
- Dois anos depois, um corporal que acusava maus-tratos a civis no centro de detenção em Basra, em setembro de 2003, foi submetido a tribunal marcial e tornou-se o primeiro soldado britânico a ser condenado por crime de guerra.
- Os registros sugerem a intenção de evitar que a investigação fosse conduzida pela Corte Penal Internacional e pelo CPS, com propostas de mudanças legais para facilitar operações em zonas de conflito.
Tony Blair pressionou autoridades para evitar que soldados britânicos acusados de espancar um iraquiano até a morte fossem julgados em tribunais civis, indicam arquivos recém-divulgados. O caso envolve militares em Basra, em 2003. O objetivo era manter a responsabilidade sob o sistema militar.
Em julho de 2005, Antony Phillipson, secretário particular do premiê para assuntos estrangeiros, informou que o procurador-geral havia reunido-se com promotores do exército para discutir o caso. A nota descreveu a possibilidade de julgamento no conselho de guerra, com ressalva.
Blair adicionou a anotação It must not! ao trecho, segundo os arquivos do National Archives em Kew, Londres. A decisão buscava evitar que o caso fosse levado à Justiça Civil, conforme a narrativa contida nos papéis.
Dois anos após, um sargento foi julgado por maus-tratos a civis detidos em Basra em 2003 e condenado por crime de guerra. O caso marcou a primeira condenação de um soldado britânico por crime de guerra no período.
Cpl Donald Payne foi condenado a um ano de prisão e desligado das Forças Armadas após admitir maus-tratos a civis algemados e vendados. Ele descreveu ações que chamava de “coro” durante as ofensivas.
Os documentos mostram que Phillipson sugeriu que MoD e o procurador-geral enviassem notas sobre mudanças legislativas para evitar que a ICC ou a CPS interferissem em operações de tropas no Iraque. Blair marcou a passagem como essencial.
Phillipson previa que a procuradoria da ICC decidiria sobre investigações formais relativas a operações militares britânicas no Iraque. A troca de mensagens indicava controle de narrativa legal em diplomacia de guerra.
Em 2020, a ICC encerrou formalmente uma apuração de possíveis crimes de guerra no Iraque entre 2003 e 2008. A decisão ocorreu longos anos após as ações discutidas nos arquivos de 2005.
Entre na conversa da comunidade