- Documentos liberados mostram que o governo de Tony Blair avaliou opções para lidar com o ditador Robert Mugabe em 2004, antes das eleições de 2005.
- O Foreign Office alertou que intervenção militar para derrubar Mugabe não era uma “opção séria”.
- Entre as opções estavam: tentar removê-lo à força, aplicar medidas mais duras (como congelar ativos e fechar a embaixada) e reengajar com Mugabe.
- O material afirma que a política de isolamento e de buscar consenso internacional não convergia com o apoio de líderes africanos, incluindo o então presidente sul-africano Thabo Mbeki.
- Pacotes de reengajamento foram defendidos por Brian Donnelly, em meio à avaliação de que qualquer intervenção militar traria grandes perdas e deixaria consequências graves para britânicos na Zimbábue.
O Foreign Office britânico desencorajou, em 2004, a intervenção militar para depor o então presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, considerando a ação como não sendo uma opção séria. Documentos do período mostram que o governo de Tony Blair estudou maneiras de enfrentar o líder, então com 80 anos, que se recusava a abandonar o poder.
Segundo os relatórios, o Reino Unido avaliou manter o isolamento de Mugabe e buscar apoio internacional para uma mudança de regime, sem obter respaldo significativo de países africanos, incluindo a África do Sul na época. O objetivo era mover-se com consenso externo diante da crise política e econômica.
Entre as opções consideradas estavam a remoção forçada, o endurecimento de medidas contra o governo e uma reengajamento com Mugabe, defendido por Brian Donnelly, então embaixador na Zimbábue. Em paralelo, o governo avaliou a viabilidade de ações militares.
Os documentos indicam que a intervenção militar não seria apenas inviável, mas apresentaria elevados riscos de baixas humanas e consequências para britânicos no país. Também haveria impasses legais e falta de apoio de aliados ocidentais, inclusive dos Estados Unidos.
O relatório interno enfatizou que nenhum estado africano, nem parceiros europeus, estariam dispostos a autorizar ou participar de uma intervenção militar, e que não haveria base legal sem uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. A análise sugeria que mudanças impostas de fora seriam quase impossíveis.
Pontos de vista de membros da equipe governamental destacaram o temor de que a crise em Zimbabwe pudesse prejudicar a agenda britânica na cúpula do G8 em Gleneagles, em 2005. A conclusão foi que seria necessário apostar em estratégias de longo prazo, incluindo reconexão com Mugabe após expor as falhas do regime.
Mugabe permaneceu no poder até ser deposto em um golpe de 2017, aos 93 anos. Em 2013, Thabo Mbeki havia afirmado que Blair tentou pressioná-lo a ingressar em uma coalizão militar contra Mugabe, uma alegação negada pelo ex-primeiro-ministro.
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