- O ex-primeiro-ministro Najib Razak foi condenado por abuso de poder e lavagem de dinheiro em relação ao escândalo de 4,5 bilhões de dólares da 1MDB, somando-se à pena de seis anos já cumprida em outro caso ligado ao fundo.
- A High Court o condenou a mais quinze anos de prisão e a uma multa recorde de quase 3 bilhões de dólares; Najib nega irregularidades e recorre da decisão.
- Ativistas anti-corrupção pedem reformas institucionais profundas para evitar repetição do esquema da 1MDB e fortalecer a independência de órgãos como o Ministério Público.
- O Índice de Percepção de Corrupção de 2024 aponta quarenta e oito de cem pontos, com a posição da Malásia na 57ª entre 180 países, sinalizando avanços na retórica de reformas, mas dúvidas sobre a mobilização prática.
- O governo afirma que trabalha para enfrentar a governança deficiente e reduzir a corrupção, ao mesmo tempo em que enfrenta críticas internas sobre o ritmo das mudanças e a relação com o UMNO.
A ativação de demandas por reformas ganhou fôlego na Malásia após a condenação do ex-primeiro-ministro Najib Razak em réu ligado ao escândalo 1MDB. Najib, 72 anos, já cumpria pena de seis anos por corrupção em outro caso, e foi considerado culpado em 26 de dezembro por abuso de poder e lavagem de dinheiro no caso do fundo estatal. A sentença adicional prevê 15 anos de prisão e uma multa recorde de aproximadamente 3 bilhões de dólares. Najib está em prisão desde 2022 e abriu recurso.
Organizações civis ressaltam que o veredito evidencia falhas institucionais e problemas estruturais não resolvidos desde a exposição do 1MDB há mais de uma década. Transparência Internacional Malásia afirma que o caso deve acelerar reformas para reduzir a influência de autoridades na condução de investigações e processos.
O Instituto Nacional de Transparência, integridade e anticorrupção enfatiza a necessidade de separar o papel do procurador-geral, hoje colocado como consultor do governo, para evitar conflitos de interesse em temas sensíveis. Segundo representantes, reformas estruturais devem avançar em 2026, caso haja empenho.
A última avaliação do Índice de Percepção de Corrupção (CPI) de 2024 aponta 50 pontos de 100, com a Malásia ocupando a 57ª posição entre 180 países. Analistas destacam que o índice reflete percepções ainda marcadas pela impunidade seletiva, mesmo diante de promessas de melhoria.
O veredito também repercutiu no âmbito político. O premiê Anwar Ibrahim rejeitou acusações de parcialidade, afirmando que o governo trabalha para aprimorar a governança e reduzir a corrupção, mesmo diante de críticas sobre o ritmo das reformas. Anwar ressalta que há traços de uma cultura de corrupção que persistem.
No cenário interno, o apoio de Najib a algumas facções dentro do seu partido UMNO compõe parte do mosaico político que compõe a aliança de governo. Um debate sobre o equilíbrio entre coalizão e disciplina partidária ganhou novas pautas com o caso 1MDB.
A Coalizão governista enfrenta pressão para consolidar reformas que, segundo a sociedade civil, devem incluir fiscalização mais independente de órgãos-chave, como o Ministério Público e as estatais. Críticos apontam que mudanças são cruciais para restaurar a confiança pública.
C4, centro anti-corrupção, sustenta que o caso 1MDB expõe riscos persistentes, como a nomeação de oficiais por parte do primeiro ministro. A instituição defende legislação sobre financiamento político e alertas sobre o alinhamento entre governo e UMNO em meio a eleições regionais e nacionais previstas nos próximos meses e anos.
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