- A política externa dos Emirados Árabes Unidos tem sido mais assertiva, buscando influência no Oriente Médio e na África por meio de alianças, intervenção militar e apoio financeiro para conter o que veem como islamismo político.
- Nesta semana houve escalada militar rara com a Arábia Saudita no Iêmen, destacando a atuação dos Emirados na região e seu embate com grupos considerados threat islamistas.
- No Iêmen, os Emirados se retiraram em dois mil dezenove, mas mantêm influência pelo Conselho Transicional do Sul, aliado treinado por Abu Dabi e visto como contrapeso ao Islah (ramo da Irmandade Muçulmana).
- O acordo de finanças com o Egito, no valor de 35 bilhões de dólares, e a cooperação com o Chad mostram a busca por alianças estáveis contra extremistas.
- Em outras frentes, o país apoiou o leste da Líbia, normalizou relações com Israel em dois mil e vinte, e mantém laços com a Somalilândia, com investimentos e apoio logístico.
O Ministério das Relações Exteriores da UAE elevou seu perfil com uma estratégia externa mais assertiva na região, incluindo parcerias com estados e proxy, intervenção militar e apoio financeiro. O objetivo declarado é conter o que descreve como ameaça islamista, principalmente grupos ligados à Fraternidade Muçulmana.
Nesta semana, houve uma escalada militar rara com a Arábia Saudita no Yemen, destacando a atuação dos Emirados e seu embate com o que consideram extremismo. O episódio reacende debates sobre o papel da UAE no Oriente Médio.
Contexto estratégico
Abrigo de alianças regionais, Abu Dhabi manteve influência no Yemen através do Conselho de Transição do Sul (STC), criado para contrabalançar o governo yemenita apoiado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita. A retirada de tropas, anunciada em 2019, não encerrou a presença regional.
Aproximação com o Cairo é parte de um eixo de segurança regional. Em 2024, o fundo soberano ADQ assinou acordo de 35 bilhões de dólares para desenvolver trecho da costa mediterrânea do Egito, fortalecendo a entrada de divisas. A parceria mira evitar ressurgimento de islamismo político.
Outros focos geopolíticos
No Sudão, monitor de sanções da ONU descreveu credenciais de que a UAE forneceu apoio militar às RSF, lideradas por Hemedti. Analistas apontam desconfiança com o alto escalão do Exército, por ligações com o regime de Omar al-Bashir. A UAE nega envio de armas, afirmando atuação humanitária.
Também há laços firmes com o Chade, com cooperação militar desde 2023 e fornecimento de veículos blindados, visando criar alternativa de segurança para a região do Sahel. Críticas apontam para uso logístico da base de Amdjarass para armas no RSF; o governo nega.
Libia e relação com Israel
Na Líbia, a UAE apoiou o marechal Haftar, com apoio aéreo e equipamentos à LNA, buscando influenciar um governo sem extremistas. O país mantém papel de articulador diplomático para promover setores que considere estáveis e moderados.
Desde 2020, os Emirados normalizaram relações com Israel, alinhamento estratégico para enfrentar ameaças comuns, como Irã. O relacionamento é visto como instrumento de influência regional, apesar de críticas internas sobre a condução de guerras.
Somaliland e desdobramentos regionais
A UAE intensificou laços com a Somalilândia, com investimentos na Port of Berbera e cooperação militar em projetos de desenvolvimento. Israel reconheceu a independência da Somalilândia, gesto considerado facilitado pela atuação de Abu Dhabi.
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