Investigações revelam detalhes sobre o acidente da Voepass e suas causas

Um ano após a queda do voo 2283 da Voepass em Vinhedo, que resultou na morte de 62 pessoas, novas investigações revelam falhas no sistema de degelo da aeronave. O acidente ocorreu em 9 de agosto de 2024, quando o avião, que partiu de Cascavel com destino a Guarulhos, caiu em um condomínio, sem atingir pessoas em solo.

Relatórios do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) indicam que a formação de gelo em pontos críticos da aeronave foi um fator determinante para a tragédia. Durante o voo, o sistema de degelo foi ligado e desligado repetidamente, sugerindo uma falha técnica. Alertas de baixa velocidade e desempenho degradado foram emitidos antes da perda de controle da aeronave, que entrou em uma condição de "stall".

Negligência na Manutenção

A investigação também aponta possíveis negligências na manutenção da Voepass. Um funcionário da companhia relatou que um piloto havia mencionado problemas no sistema de degelo um dia antes do acidente, mas essa informação não foi registrada no diário de bordo. A Voepass defende que seus aviões operam em conformidade com as regulamentações e que as investigações oficiais são essenciais para determinar as causas do acidente.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que a aeronave estava com todos os certificados válidos no momento do acidente. No entanto, a Anac já havia cassado o Certificado de Operador Aéreo da Passaredo, empresa-mãe da Voepass, devido a falhas graves na gestão de segurança operacional.

Relatório da Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados está finalizando um relatório que deve apontar negligência da Voepass na manutenção do avião. O deputado Nelsinho Padovani, relator da comissão, afirmou que o piloto deveria ter sinalizado um "mayday" ao perceber a falha no sistema de degelo. O relatório será apresentado em 13 de agosto e pode resultar em mudanças nas regulamentações para companhias aéreas em recuperação judicial.

As investigações continuam, com a Justiça Federal apurando as responsabilidades criminais. O Cenipa está em fase de análise integrada dos dados e deve apresentar recomendações de segurança em seu relatório final, que ainda não tem prazo definido para conclusão.