- O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador Tarcísio de Freitas enfrentam resistência do Teatro de Contêiner Mungunzá, que se recusa a deixar a Cracolândia.
- Uma decisão judicial garante a permanência do teatro por mais 180 dias, frustrando os planos de revitalização da área.
- O projeto inclui a construção de um conjunto habitacional e um parque, após a dispersão de usuários de drogas para outras partes do centro.
- O grupo do teatro, que ocupa o local desde 2016, recebeu apoio de artistas, como a atriz Fernanda Montenegro, em defesa de sua permanência.
- O prefeito considera a decisão judicial “equivocada” e busca readequar o projeto, enquanto o teatro negocia um novo terreno com a Secretaria do Patrimônio da União.
Com a intenção de anunciar o “fim da Cracolândia” em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrentam um desafio: a recusa do Teatro de Contêiner Mungunzá em deixar o local. O teatro, que ocupa a região desde 2016, obteve uma decisão judicial que garante sua permanência por mais 180 dias.
A resistência do teatro tem atrasado os planos da administração municipal, que busca revitalizar a área com a construção de um conjunto habitacional e um parque. Desde que a Cracolândia foi esvaziada em maio, os usuários de drogas se dispersaram por outras partes do centro. O prefeito Nunes tentou negociar a saída do teatro, oferecendo terrenos alternativos, mas as propostas foram rejeitadas.
Mobilização e Apoio
Os coordenadores do Mungunzá defendem a importância do espaço, que abriga uma arquitetura premiada e uma relação cultural com a região. A mobilização do grupo atraiu apoio de artistas, incluindo a atriz Fernanda Montenegro, que enviou uma carta ao prefeito em defesa da permanência do teatro.
A resistência já frustrou tentativas de anúncio do governo em duas ocasiões. A primeira ocorreu em 19 de agosto, quando a Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi enviada para desocupar um prédio anexo ao teatro. Na ocasião, a prefeitura chegou a montar um palco para o evento, que foi cancelado devido à resistência do grupo.
Novas Negociações
Após a decisão judicial, o prefeito Nunes considerou a medida “equivocada” e afirmou que será necessário “readequar” o projeto de revitalização. O Teatro Mungunzá, formado por dez contêineres, busca agora um novo terreno da União na região da Luz, com tratativas em andamento com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU).
O grupo espera que a SPU finalize as negociações até o fim do ano, com a possibilidade de ocupar um terreno federal. O teatro, construído com recursos coletados ao longo de nove anos, é um exemplo de inovação e resistência cultural em meio a um contexto urbano desafiador.