- Steve Bannon afirmou à The Economist que Donald Trump é “um veículo da providência divina” e “um instrumento da vontade divina”, descrevendo uma teologia política preponderante.
- A ideia, que já foi associada a monarcas, voltou a ganhar força na política moderna como movimento global.
- Movimentos distintos convergem pela mesma metafísica de que há descontentamento com a pluralidade e destino comum, sacralizando a exclusão e vendo a oposição como decadência moral.
- Nos Estados Unidos, o nacionalismo cristão se apresenta como defesa de uma maioria perseguida; na Europa, Viktor Orbán coloca a democracia iliberal como civilização cristã sob ataque; na Ásia do Sul, o nacionalismo hindu transforma a ansiedade majoritária em mandato divino.
- Em todos os casos, a retórica sagrada legitima o poder, tornando a dissidência equivalente à blasfêmia.
O retorno de uma linguagem politicamente sagrada ganhou espaço na arena global. Líderes afirmam ser escolhidos ou ordenados divinamente, elevando a política a um plano quase metafísico. Não se trata de retórica; o conceito busca justificar poder acima de leis e prazos humanos.
A figura de destaque é uma estratégica do MAGA que, segundo relatos, vincula Trump a um papel divino. A narrativa não se restringe a Estados Unidos: envolve leitura de passado e futuro como destino coletivo, com cada líder apresentando um projeto de legitimidade radical.
Em escala mundial, movimentos com diferentes credos convergem na mesma disposição. Excluem minorias, desconfiam de pluralismo e veem a oposição como decadência moral. A sacralidade vira instrumento de governo e de mobilização social.
Contexto global
Nos Estados Unidos, o nacionalismo cristão se apresenta como defesa de uma maioria que sofre perseguição. A Europa vê governos que descrevem a democracia liberal como sob ataque, sob a prescrição de uma civilização cristã. No Sul da Ásia, o nacionalismo hindu transforma ansiedade majoritária em mandado divino.
Essas leituras sagradas da política compartilham o objetivo de consolidar poder, reduzir dissidências e legitimar decisões com base em uma identidade dita sagrada, sem espaço para críticas legais ou plurais. O resultado é um clima de polarização ampliada e de tensionamento institucional.