- Em cinco anos, apenas 1,55% dos pedidos de licença parental nos quatro maiores empregadores públicos foi de licença parental compartilhada (SPL), totalizando 4.264 de 274.755 entre 2020 e 2025.
- A informação foi obtida por meio de pedidos de acesso à informação (FOI) pelo Guardian, envolvendo NHS Inglaterra, NHS Escócia e País de Gales, HM Revenue & Customs, Ministério da Justiça e Department for Work and Pensions.
- O intervalo aponta que, em média, apenas um em cada 64 pedidos de licença parental resultou em SPL, prática que permite dividir até 52 semanas de licença.
- Especialistas e defensores de políticas dizem tratar-se de uma “década perdida” para direitos parentais, destacando a falta de apoio governamental e a necessidade de medidas para que mais homens participem do cuidado nos primeiros meses de vida.
- Dados do HMRC indicam queda constante na participação de trabalhadores de menor renda: em 2024-2025, 95% das SPL foram solicitadas por pais da metade mais rica, enquanto a participação de pais de renda média/baixa caiu progressivamente desde o início.
O que aconteceu: novas análises sinalizam um retrocesso na participação de pais na licença parental compartilhada no Reino Unido, dez anos após a implementação da política. Dados obtidos pelo Guardian indicam que menos de 1,6% dos pedidos de licença parental são para SPL, o que aponta baixo aproveitamento do benefício.
Quem está envolvido: pesquisas envolvem quatro dos maiores empregadores do setor público britânico, o NHS Inglaterra, NHS Scotland, NHS Wales, HMRC, Ministério da Justiça e o Departamento de Trabalho e Pensões. O estudo usa pedidos de 2020 a 2025 para medir a adesão.
Quando e onde: entre 2020 e 2025, nos órgãos públicos citados, os dados mostram que apenas 4.264 solicitações de licença parental foram para SPL, entre 274.755 pedidos totais. A margem de 1,55% representa o baixo alcance da opção compartilhada.
Por quê: especialistas afirmam que a política falhou em promover mudança cultural e ampliar o papel do pai na primeira fase de vida da criança. Pesquisas de universidades britânicas e avaliações governamentais destacam baixa adesão, especialmente entre pais de menor renda.
Como ficou a distribuição de renda: análises indicam que a maior parte das SPL ficou com pais de renda mais alta, concentrados no sul e leste da Inglaterra. Dados da HMRC sugerem queda contínua da participação entre os menos assistidos economicamente desde a criação do benefício.
Quem aponta as leituras: ativistas e especialistas ressaltam que a política beneficia pouco a maioria dos trabalhadores. Pesquisadores da Universidade de Bath destacaram que a licença não entregou os resultados esperados desde o início.
Reações oficiais e propostas: o governo abriu uma revisão de 18 meses sobre o sistema de licença parental. A ministra Kate Dearden disse que a licença ainda precisa de melhorias e lembrou medidas para estabelecer o direito ao paternidade no primeiro dia de trabalho.
Posicionamentos e demandas: Jo Swinson, ex-líder do Lib Dem, afirmou que a adesão é baixa por falta de apoio governamental e defendeu ações firmes para ampliar o tempo disponível aos pais. Deputados enfatizam que ajustes superficiais não bastam.
O que falta ainda: pesquisadores e defensores apontam para necessidade de ações mais ousadas, incluindo ampliar a licença paternidade, reduzir barreiras de acesso para trabalhadores de menor renda e promover mudança cultural para que ambos os pais compartilhem os cuidados desde os primeiros dias.
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