- A comissão parlamentar de investigação criada pela UDR analisa neutralidade, funcionamento e financiamento da televisão e rádio públicas na França, em meio a controvérsias antes das eleições de 2027.
- A sessão tem sido acirrada, com denúncias de parcialidade do serviço público e críticas a possíveis influências do grupo de Vincent Bolloré, dono da emissora privada CNews.
- O episódio envolve um vídeo de duas jornalistas socialistas que teriam sido filmadas em cafezinho com assessores do partidos de esquerda, o que gerou acusações de manipulação e levou a investigações.
- As jornalistas Patrick Cohen e Thomas Legrand contestaram a edição do vídeo e abriram processo por violação de privacidade, alegando que o material foi usado para difamar o serviço público.
- A imprensa pública francesa, formada pela France Télévisions e pela Radio France, é apontada como parte central do debate sobre financiamento e modelo de atuação, com o governo e opositores discutindo mudanças e possíveis privatizações.
O partido de centro-direita UDR abriu uma comissão parlamentar de investigação para avaliar a neutralidade, o funcionamento e o financiamento da TV e rádio públicas na França. O grupo afirma que há sinais de viés e de influência de meios privados na imprensa pública, especialmente em relação a vozes da direita.
A comissão, que deve durar até março, surge em meio a tensões sobre o papel das emissoras públicas diante da aproximação das eleições de 2027. A iniciativa ocorre no contexto da forte presença de organizações de mídia privadas associadas a interesses conservadores.
A polêmica ganhou força após a divulgação de um vídeo, feito de forma clandestina, que mostra dois jornalistas socialistas em encontro com oficiais do partido. A divulgação ocorreu em setembro por uma revista de direita e foi veiculada por canais vinculados a Bolloré.
Os jornalistas Patrick Cohen e Thomas Legrand alegaram que o material foi editado de maneira enganosa e que a gravação retrata apenas parte de uma atividade profissional normal. Eles registraram queixas por invasão de privacidade.
A audiência na comissão foi marcada por acúmulo de críticas e desentendimentos. Parlamentares da esquerda, como Ayda Hadizadeh, analisaram o caso como uma tentiva de minar a emissora pública. Deputados da RN contestaram o tom das acusações contra o serviço público.
Desafios e contexto
France Télévisions, com seus quatro canais nacionais e 24 regionais, é apontada como financiadora de filmes, dramas e documentários. A Radio France também ocupa posição dominante no país, inclusive em podcasts, segundo os dados do setor.
As entrevistas destacaram ainda a relação entre o governo e a cobertura pública. O presidente Emmanuel Macron já criticou a emissora no passado e discutiu mudanças de financiamento, incluindo a retirada da taxa de licença de TV. A evolução do modelo de financiamento permanece em debate.
Especialistas ouvidos pela imprensa observam que a situação atual coloca a França em um cenário europeu de intensificação de disputas entre mídia pública e interesses privados. Analistas ressaltam que o equilíbrio entre independência editorial e financiamento público é central para a democracia.
A diretora da France Inter, Adèle Van Reeth, defendeu a importância da emissora pública como pilar democrático. Ela enfatizou que preservar a radiodifusão pública é compatível com uma democracia saudável.
Entre na conversa da comunidade