A crise de habitação no Canadá é um tema importante nas eleições que se aproximam, com muitos eleitores preocupados se os partidos têm soluções para o problema que afeta os jovens. Em Vancouver, os preços das casas aumentaram muito, tornando difícil para os novos compradores entrarem no mercado. A renda média das famílias é muito baixa em comparação com o preço das casas, que em 2021 era mais de oito vezes maior que a renda média. Estudantes e jovens profissionais estão enfrentando dificuldades para pagar aluguel e muitos consideram deixar o país. O governo estima que são necessárias 3,8 milhões de novas casas nos próximos anos, mas a construção é dificultada por altos custos e leis que limitam a oferta. Os partidos políticos estão apresentando planos para aumentar a construção de moradias, como a criação de uma nova agência para financiar casas acessíveis e incentivos para cidades que aumentarem a oferta. No entanto, especialistas questionam se essas propostas são suficientes para resolver a crise, destacando a necessidade de abordar a desigualdade entre gerações.
Crise habitacional no Canadá domina debate eleitoral e preocupa jovens
A crise de habitação no Canadá é um tema central nas eleições que se aproximam, com eleitores questionando se algum partido tem um plano para resolver o problema que afeta gerações. Em Vancouver, Willow Yamauchi comprou sua casa há 25 anos por C$275 mil, valor que hoje equivaleria a C$435 mil. Atualmente, a propriedade vale milhões.
A história de Yamauchi é comum na cidade, onde o preço médio de uma casa unifamiliar saltou de C$350 mil em 2000 para mais de C$2 milhões. Ela reconhece ter tido privilégio ao comprar na época, algo que não acontece com os jovens, que dependem de ajuda familiar para morar na cidade.
Canadá tem um dos maiores índices de preço de imóveis em relação à renda
O Canadá como um todo apresenta um dos maiores índices de preço de imóveis em relação à renda entre os países desenvolvidos. Em 2021, a renda média familiar após impostos era de C$88 mil, enquanto o preço médio de uma casa atingiu C$713,5 mil – mais de oito vezes o valor da renda. A situação é ainda mais grave em grandes centros como Toronto e Vancouver.
A crise habitacional é um dos principais temas da eleição federal, superado recentemente pelas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Antes, a preocupação com a acessibilidade à moradia impulsionava o Partido Conservador, considerado mais preparado para solucionar a questão.
Jovens relatam dificuldades e consideram deixar o país
Estudantes da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) relatam que precisam morar com os pais ou dividir apartamentos com várias pessoas para conseguir arcar com os custos. Emily Chu, estudante de 24 anos, precisou adiar os estudos por dois anos para trabalhar e pagar a faculdade e o aluguel. Para ela, a possibilidade de comprar uma casa é inexistente.
Profissionais jovens também enfrentam dificuldades. Margareta Dovgal, de 28 anos, considera se mudar para Alberta, onde o custo de vida é menor, apesar de ser uma moradora comprometida com Vancouver.
Governo estima necessidade de construir 3,8 milhões de casas
As causas da crise são complexas, com a oferta de moradias não acompanhando o crescimento populacional. A Corporação Canadense de Habitação (CMHC) estima que mais de 3,8 milhões de casas precisam ser construídas nos próximos seis anos para suprir a demanda.
Barreiras como o alto custo da terra e leis de zoneamento que restringem a construção de moradias mais acessíveis dificultam o aumento da oferta. Em Vancouver, mais da metade do território é destinada a casas unifamiliares.
Partidos apresentam planos para aumentar a construção de moradias
Os principais partidos políticos apresentaram planos para aumentar a construção de moradias. Os Liberais, liderados por Mark Carney, propõem a criação de uma agência governamental para financiar a construção de moradias acessíveis, com o objetivo de construir 500 mil novas casas por ano.
Os Conservadores, liderados por Pierre Poilievre, prometem condicionar o financiamento federal à construção de moradias, recompensando cidades que aumentarem a oferta e penalizando aquelas que a bloquearem. Poilievre também propõe a isenção de impostos federais sobre novas construções.
Especialistas questionam se as propostas são suficientes
Especialistas questionam se as propostas são suficientes para resolver a crise, apontando para a necessidade de abordar a questão da riqueza gerada pelos proprietários de imóveis mais antigos. Paul Kershaw, professor de política pública, argumenta que os políticos precisam reconhecer a tensão geracional e reduzir os custos para os jovens.
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