Luiza Erundina, aos 90 anos, reflete sobre sua trajetória marcada pela luta social e política. Nascida em Uiraúna, na Paraíba, ela fugiu da seca em sua infância, enfrentando a pobreza e a necessidade de se deslocar para escapar da fome. Desde cedo, Erundina se indispôs contra injustiças, tornando-se assistente social e militante da juventude católica, além de se envolver na reforma agrária. Sua trajetória política começou em São Paulo, onde, após a redemocratização, ajudou a fundar o PT e se tornou a primeira mulher a ser eleita prefeita da cidade em 1988.

Erundina, que atualmente é a parlamentar mais velha em Brasília, expressou sua preocupação com o clima de hostilidade no Congresso e a falta de civilidade nas relações políticas. Ela criticou a atual composição do legislativo, afirmando que “este é o pior Congresso que já peguei” e alertou sobre os riscos de retrocesso democrático. A deputada também fez críticas à esquerda, destacando que muitos líderes se distanciaram das bases populares e da luta pelos direitos dos trabalhadores.

Recentemente, Erundina se destacou ao discursar no Conselho de Ética, defendendo seu colega Glauber Braga e enfatizando que “o soberano é o povo”. Sua fala foi aplaudida de pé, um momento raro na Câmara. Apesar de sua saúde ter sido afetada por um incidente em junho, ela voltou rapidamente à ativa, mantendo seu espírito combativo e sua determinação em lutar por mudanças sociais.

Embora tenha declarado que não disputará mais eleições, Erundina reafirmou seu compromisso com a luta política, afirmando que “os sonhos não envelhecem”. Ela continua a viver em seu apartamento modesto, onde reside desde sua época como prefeita, e promete lutar “até o último dia”, transmitindo sua esperança às novas gerações.