Política

Brasil tem 166 projetos de crédito de carbono, mas poucos beneficiam comunidades coletivas

A regulamentação do mercado de carbono no Brasil avança lentamente, enquanto diretrizes para REDD+ em terras indígenas estão sendo elaboradas.

Vista aérea da Amazônia no Pará; projetos de crédito de carbono poderiam ser desenvolvidos em territórios indígenas da região. (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)

Vista aérea da Amazônia no Pará; projetos de crédito de carbono poderiam ser desenvolvidos em territórios indígenas da região. (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)

Ouvir a notícia

Brasil tem 166 projetos de crédito de carbono, mas poucos beneficiam comunidades coletivas - Brasil tem 166 projetos de crédito de carbono, mas poucos beneficiam comunidades coletivas

0:000:00

O Brasil conta com 166 projetos de crédito de carbono, sendo que 73% deles estão localizados na Amazônia Legal. No entanto, apenas nove projetos são desenvolvidos em terras coletivas, como terras indígenas e quilombolas. A maioria das áreas dos projetos de carbono está em terrenos privados, apesar de 61% da Amazônia Legal ser composta por unidades de conservação e terras coletivas.

O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) aponta que 95% das áreas dos projetos estão em propriedades privadas. A consultora do Idesam, Karoline Brasil, destaca que povos indígenas e tradicionais enfrentam dificuldades para acessar o mercado de carbono devido a custos elevados e burocracia. A certificação de um projeto de crédito de carbono pode custar R$ 1 milhão por ano.

Diretrizes do Ministério

O Ministério dos Povos Indígenas está criando diretrizes para projetos de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) em terras indígenas. A pasta, em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), busca garantir segurança jurídica e participação das comunidades. Contudo, a regulamentação do mercado de carbono ainda está pendente, o que impede a formalização de contratos.

O coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Manchineri, afirma que as comunidades desejam um controle sobre os recursos gerados pelos projetos. Atualmente, a distribuição da receita varia conforme o projeto, e as negociações entre empresas e populações indígenas estão paralisadas devido a denúncias de abusos.

Desafios em Territórios Coletivos

A documentação de terras coletivas é um obstáculo para o desenvolvimento de projetos de carbono. Yuri Rugai Marinho, fundador da desenvolvedora de projetos de carbono Eccon, ressalta que a comprovação da titularidade é rara em áreas coletivas. Ele observa que, sem a participação do governo ou de organismos internacionais, o risco para investidores é elevado.

Manchineri sugere que projetos juridicionais, onde os créditos são gerados com a redução das emissões em uma área específica, seriam uma solução viável. No entanto, esse modelo deve ser liderado por estados ou um conjunto deles.

Meu Tela
Descubra mais com asperguntas relacionadas
crie uma conta e explore as notícias de forma gratuita.acessar o meu tela

Perguntas Relacionadas

Participe da comunidadecomentando
Faça o login e comente as notícias de forma totalmente gratuita
No Portal Tela, você pode conferir comentários e opiniões de outros membros da comunidade.acessar o meu tela

Comentários

Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.

Meu Tela

Priorize os conteúdos mais relevantes para você

Experimente o Meu Tela

Crie sua conta e desbloqueie uma experiência personalizada.


No Meu Tela, o conteúdo é definido de acordo com o que é mais relevante para você.

Acessar o Meu Tela