Um estudo recente revelou que o Brasil possui uma enorme diversidade genética, com mais de 8,7 milhões de variantes genéticas, sendo 30.000 delas potencialmente relacionadas à saúde. A pesquisa, publicada na revista Science, analisou o DNA de mais de 2.700 brasileiros e foi liderada pela geneticista Lygia V. Pereira, da Universidade de São Paulo. O estudo destaca que a mistura de ancestrais indígenas, africanos e europeus no Brasil é pouco explorada na genética, que geralmente foca em populações brancas europeias. A pesquisa também mostra que a maioria das linhagens masculinas é de origem europeia, enquanto as femininas são predominantemente africanas ou indígenas, refletindo a história de violência e desigualdade no país. Além disso, foram identificadas variantes genéticas raras que podem aumentar o risco de doenças em pessoas com ascendência africana ou indígena. O projeto faz parte do programa Genomas Brasil, que visa sequenciar o genoma de 100.000 brasileiros para melhorar a saúde pública e desenvolver tratamentos mais eficazes.
Um estudo recente revelou mais de 8,7 milhões de variantes genéticas em brasileiros, com 30.000 delas potencialmente impactando a saúde. A pesquisa, publicada na revista *Science*, foi conduzida por cientistas brasileiros e envolveu a análise de genomas completos de mais de 2.700 indivíduos ao longo de cinco anos.
A pesquisa preenche uma lacuna significativa na genética, que historicamente se concentrou em populações de origem europeia. A geneticista Lygia V. Pereira, da Universidade de São Paulo, destacou que o estudo permite descrever variantes genéticas que não haviam sido documentadas anteriormente. O Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, é resultado de intensos movimentos populacionais, incluindo a mistura de 10 milhões de indígenas, cinco milhões de africanos escravizados e imigrantes europeus.
Diversidade Genética
A diversidade genética brasileira é notável, com todos os participantes do estudo apresentando traços indígenas, europeus e africanos. Apenas dez indivíduos de São Paulo tinham quase 100% de ascendência asiática, refletindo a imigração japonesa. O estudo também revela que a maioria das linhagens do cromossomo Y é de origem europeia (71%), enquanto as linhagens mitocondriais são predominantemente africanas (42%) ou indígenas (35%).
Esses dados ajudam a desmistificar a ideia de uma “democracia racial” no Brasil, mostrando que a miscigenação foi frequentemente marcada por violência, como a violação de mulheres indígenas e africanas por colonizadores.
Implicações para a Saúde
Entre as descobertas, estão 36.637 variantes raras e potencialmente prejudiciais, mais comuns em indivíduos de ascendência africana ou indígena. Essa informação é um passo inicial para entender como a genética pode predispor a certas doenças. Pereira afirmou que é necessário investigar o impacto dessas variantes na saúde da população brasileira, especialmente em relação a doenças como o câncer de mama.
O estudo faz parte do programa Genomas Brasil, lançado pelo Ministério da Saúde com o objetivo de sequenciar o genoma completo de 100.000 brasileiros. A meta é implementar a medicina de precisão na saúde pública, permitindo tratamentos mais eficazes e a detecção precoce de doenças.
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