Turbocapitalismo e IA: entre o momento Sputnik e os verdadeiros momentos Eureka

O lançamento do satélite Sputnik, em outubro de mil novecentos e cinquenta e sete, marcou um momento decisivo na corrida espacial, gerando uma onda de preocupação nos Estados Unidos. Recentemente, a empresa chinesa DeepSeek, com seu chatbot considerado mais inteligente e acessível que os desenvolvidos nos EUA, tem sido comparada a esse evento histórico. Marc Andreessen, um influente investidor, sugere que essa comparação reflete uma necessidade de mobilização similar àquela que ocorreu durante a Guerra Fria, onde a indústria americana se uniu para superar os soviéticos.

A narrativa em torno da DeepSeek é impulsionada por interesses financeiros, com oligarcas buscando menos regulamentação e mais investimentos em inteligência artificial (IA). Donald Trump, ao assinar um decreto sobre IA, enfatizou o potencial econômico, afirmando que isso "gerará muito dinheiro para o país", embora muitos questionem se essa riqueza beneficiará a população em geral ou apenas os mais ricos. A comparação com a corrida espacial é vista como uma tentativa de transformar uma competição empresarial em uma batalha épica, mas a realidade é que muitos usuários ocidentais adotam aplicativos chineses sem receios.

A DeepSeek, embora eficiente, não representa um avanço tecnológico sem precedentes, mas sim uma evolução de modelos existentes. Elon Musk criticou a empresa, alegando que ela distorce a verdade, enquanto a indústria de IA nos EUA enfrenta uma intensa competição interna. O verdadeiro destaque da DeepSeek está em um "aha moment" que seus desenvolvedores experimentaram, semelhante a outros marcos na história da IA, como os desenvolvimentos da Google e DeepMind.

Por outro lado, especialistas como Geoffrey Hinton alertam sobre os riscos da crescente desigualdade que a IA pode acentuar, prevendo que isso pode criar um ambiente propício para o extremismo. A luta entre os interesses do turbocapitalismo americano e chinês na área de IA não traz benefícios claros para a sociedade. A escolha deve ser entre aqueles que buscam o progresso científico para o bem comum e os que se aproveitam da tecnologia para enriquecer ainda mais.