Amy Webb, presidente-executiva do Future Today Strategy Group (FTSG), destacou que o Brasil possui talento e potencial na área de inteligência artificial (IA), mas enfrenta desafios estruturais para se destacar globalmente. Em entrevista ao Valor, ela mencionou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado inércia em relação ao desenvolvimento de um […]
Amy Webb, presidente-executiva do Future Today Strategy Group (FTSG), destacou que o Brasil possui talento e potencial na área de inteligência artificial (IA), mas enfrenta desafios estruturais para se destacar globalmente. Em entrevista ao Valor, ela mencionou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado inércia em relação ao desenvolvimento de um plano oficial para a IA, optando por não publicar um decreto que formalizasse o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia). A justificativa foi a preocupação com um possível engessamento, preferindo utilizar a estrutura do Comitê Interministerial para a Transformação Digital (CITDigital) para os investimentos.
Webb, que tem ampla experiência no setor, introduziu o conceito de “inteligência viva”, que combina IA, sensores avançados e biotecnologia, permitindo que sistemas aprendam e evoluam sem intervenção humana. Ela enfatizou que a evolução contínua da tecnologia é crucial, e que os líderes devem adotar uma mentalidade que reconheça que não há um ponto final na transformação digital. A futurista também comentou sobre a necessidade de as empresas não apenas focarem na IA generativa, mas também explorarem novas possibilidades.
A executiva expressou preocupação com o impacto da automação em mercados de trabalho, especialmente na Índia, onde muitos empregos administrativos estão sendo ameaçados pela IA. No entanto, ela não vê um impacto imediato no Brasil, que ainda depende de setores tradicionais como mineração e agricultura. Webb acredita que o Brasil tem a oportunidade de se modernizar e se tornar um epicentro agrícola global, caso invista em tecnologia.
Por fim, Webb ressaltou que o Brasil precisa de ações rápidas para competir com potências como os EUA e a China. Ela observou que, embora a China tenha avançado significativamente em áreas como robótica e biotecnologia, a estrutura de competição nos EUA, impulsionada por empresas, é diferente da abordagem centralizada da China. A executiva concluiu que, para o Brasil se destacar, é essencial promover parcerias público-privadas e alinhar esforços entre as diversas empresas do setor.