14 de jul 2025
Exportadores de frutas do Vale do São Francisco enfrentam crise com tarifas dos EUA
Tarifas de 50% sobre frutas brasileiras podem gerar colapso na fruticultura e afetar 200 mil empregos no Nordeste.

Agrodan, uma das maiores produtoras e exportadoras de manga do país, vê impacto relevante sob iminência de tarifas de 50% dos EUA (Foto: Agrodan/ Divulgação)
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O Brasil enfrenta uma grave ameaça nas exportações agrícolas, especialmente na fruticultura, com a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo frutas. Essa medida, que deve entrar em vigor em agosto, pode provocar um colapso econômico no setor, afetando 200 mil empregos na fruticultura nordestina.
Silvio Medeiros, empresário da fazenda Agrobras, expressou sua preocupação ao afirmar que "a fruta vai virar lama". A região do Vale do São Francisco, principal polo frutícola do país, depende fortemente do mercado americano, com cerca de 80% da produção de uva e manga destinada aos Estados Unidos. Medeiros destacou que essa taxação representa um "bloqueio de mercado", inviabilizando as exportações.
Impactos Econômicos
A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) classificou as tarifas como um "golpe duro". A entidade ressaltou que a fruticultura brasileira deseja continuar exportando para os EUA, um mercado que movimentou US$ 148 milhões em 2024. As exportações de manga, por exemplo, totalizaram 258,3 mil toneladas, com 36,8 mil toneladas destinadas aos EUA.
Os exportadores temem que a nova tarifa não apenas afete as vendas, mas também comprometa contratos já firmados, gerando dificuldades financeiras. A logística é outro desafio, uma vez que as frutas são altamente perecíveis e precisam ser entregues rapidamente. Medeiros alertou que o navio que parte no próximo sábado não chegará a tempo de evitar as tarifas.
Reações do Setor
Paulo Dantas, diretor-presidente da Agrodan, uma das maiores produtoras de manga do Brasil, afirmou que mesmo quem exporta para a Europa será impactado. Ele destacou que, se o mercado americano for fechado, o volume de frutas será redirecionado para o mercado interno, que não tem capacidade de absorver essa demanda.
Exportadores de outros produtos, como carne bovina e suco de laranja, também estão preocupados com as tarifas. Robson Gonçalves, professor da Fundação Getulio Vargas, alertou que tarifas sobre o café, uma commodity que os EUA não produzem, resultariam em um "jogo de perde-perde". O Brasil é responsável por cerca de um terço das importações norte-americanas de café, e substituir esse volume rapidamente é quase impossível.
Os exportadores pedem uma resposta diplomática imediata do governo brasileiro para tentar evitar os danos. Dantas enfatizou que o Brasil não deve entrar em confronto, mas buscar acordos que beneficiem ambas as partes.
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