21 de jul 2025
Europeus medievais continuaram a consumir carne de cavalo após o cristianismo
Estudo revela que o consumo de carne de cavalo na Hungria medieval desafiou proibições religiosas e se manteve por séculos.

Representação do início do século 13 de cerimônia em que havia o consumo de carne de cavalo (Foto: British Library Royal)
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As práticas alimentares na Europa medieval revelam nuances surpreendentes, conforme um estudo recente publicado na revista Antiquity. A pesquisa indica que, na Hungria medieval, o consumo de carne de cavalo persistiu por mais de dois séculos após a conversão ao cristianismo, desafiando a visão de que essa prática era considerada bárbara ou herética.
A análise abrangeu 198 assentamentos medievais húngaros, incluindo áreas que hoje pertencem à Áustria, Croácia, Romênia, Sérvia e Eslováquia. Os pesquisadores focaram na hipofagia, ou consumo de carne de cavalo, examinando a proporção de ossos de cavalos em relação a outros restos encontrados em depósitos de lixo arqueológicos. Embora não tenham conseguido identificar restos de cavalos em refeições menores, a análise revelou que a carne do animal constituía uma parte significativa da dieta na Hungria medieval.
Tradições Persistentes
Os dados mostram que o consumo de carne de cavalo persistiu até a invasão mongol de 1241-1242, quando a prática começou a declinar. Durante a ocupação otomana, em meados do século 16, o consumo praticamente cessou, possivelmente devido à alta demanda por cavalos. A invasão mongol resultou na destruição de muitos assentamentos e na subsequente fome, o que alterou drasticamente os hábitos alimentares da população.
Os pesquisadores sugerem que a presença de ossos de cavalo nos montes de lixo medievais reflete uma tradição pastoral eurasiática que sobreviveu à conversão religiosa. A análise indica que uma proibição religiosa contra o consumo de carne de cavalo na Hungria medieval era improvável, dado que a proporção de ossos encontrados em alguns conjuntos estudados ultrapassava dez por cento.
Mudanças na Dieta
Com a invasão mongol, houve uma mudança significativa nas preferências alimentares, com um aumento no consumo de porcos e vacas. Essa transição acelerou o declínio do consumo de carne de cavalo, que já enfrentava desafios devido a fatores sociais e econômicos. As descobertas do estudo não apenas iluminam a complexidade das práticas alimentares medievais, mas também oferecem uma nova perspectiva sobre a resistência cultural em tempos de mudança.
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