24 de jul 2025
China e Europa apoiam pesquisadores afetados por restrições de Trump nos EUA
Cortes de financiamento nos EUA provocam migração de cientistas e ameaçam a liderança global em pesquisa científica.

Mathias Unberath, cientista da computação da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Unberath tem muitos alunos do exterior. “Toda a minha equipe, inclusive aqueles que estavam ansiosos para se candidatar a cargos mais permanentes nos EUA, não têm mais interesse” (Foto: Kt Kanazawich/NYT)
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Cortes de financiamento nos EUA ameaçam a pesquisa científica e geram fuga de talentos
Os cortes de financiamento à pesquisa científica nos Estados Unidos, implementados durante o governo de Donald Trump, estão gerando preocupações sobre a perda de talentos no setor. Cientistas, como o neurocientista Ardem Patapoutian, que chegou ao país em 1986 fugindo da guerra no Líbano, alertam que a situação pode levar a uma migração em massa de pesquisadores para países como China e nações europeias.
Patapoutian, que ganhou o Prêmio Nobel em 2021 por suas descobertas sobre a percepção do tato, teve sua bolsa de pesquisa congelada devido aos cortes orçamentários. Em fevereiro, ele recebeu uma proposta da China para transferir seu laboratório, mas decidiu permanecer nos EUA. No entanto, muitos jovens cientistas estão considerando deixar o país, diante da incerteza e da falta de apoio financeiro.
Impacto nas universidades
Desde a chegada de Trump ao poder, as candidaturas de estudantes internacionais para programas de pós-graduação nos EUA caíram drasticamente. Ao mesmo tempo, o número de americanos buscando oportunidades no exterior aumentou. Universidades na França e em Portugal relataram um aumento significativo na procura por vagas, evidenciando a atração que esses países exercem sobre pesquisadores afetados pelos cortes nos EUA.
Marcia McNutt, presidente da Academia Nacional de Ciências, destacou que a China está se beneficiando da situação, afirmando que o país não cortará seu orçamento de pesquisa. O modelo de ciência americana, que atraiu talentos internacionais desde os anos 1950, está sob ameaça, com políticas imigratórias mais rígidas e cortes orçamentários que geram um ambiente hostil para pesquisadores.
Consequências para a pesquisa
A situação é alarmante para instituições como a Universidade Johns Hopkins, onde 30% dos pós-docs e doutorandos são internacionais. O diretor de neurociência, Richard Huganir, expressou preocupação com a possibilidade de perder essa força de trabalho essencial. A incerteza gerada pelos cortes e pela política imigratória pode isolar academicamente os EUA, dificultando a realização de conferências internacionais e a colaboração entre pesquisadores.
Além disso, a proposta de Robert Kennedy Jr., autoridade federal de saúde, de proibir publicações em revistas científicas de prestígio por cientistas de agências como o NIH, agrava ainda mais a situação. Daphne Koller, empreendedora e ex-aluna de Stanford, ressaltou que a atração de talentos internacionais é crucial para a inovação e o desenvolvimento científico nos EUA.
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